Os Moraes da Vila Nova
Alguém pode se perguntar: Por que nas crônicas regionais se repete muito o nome de Caieiras e seus bairros? Porque elas também são lidas por pessoas que não são do lugar e convém detalhar melhor para elas as localizações. Isso explicado vamos agora nos lembrar de uma família. Na Vila Nova do Bairro da Fábrica morou o casal Antonio Guilherme e Frida Bierbaumer de Moraes. Ele, nascido em Caieiras no Bairro do Morro Grande em 19-02-1911 faleceu em 1966 contando apenas cinqüenta e cinco anos de idade. Ela, austríaca, nascida em 18-12-1912 num local de nome Bruch Sleimark, aos noventa e quatro de idade faleceu em 2006. O casal teve três filhos: Roberto, Elza e o Carlos Alberto. O Roberto (saudoso) casou-se e foi morar em Charqueada, cidade próxima a Piracicaba. A Elza foi morar no Bairro da Lapa depois de casar-se com o José (Zezinho) Del Porto (saudoso), um centroavante dos bons a alegrar o “azul e branco” das cores do Clube Recreativo Melhoramentos. O caçula Carlos Alberto casado também hoje mora em Santo André. Se os sonhos de jovens daqueles tempos idos era constituir uma família, esta em questão era uma dos melhores exemplos a desejar. O Senhor Moraes como era conhecido foi chofer (motorista) da Indústria Melhoramentos. Além de transportar os “chefes” da Cia. para suas incumbências, ele também dirigia a ambulância para hospitais da Cidade de São Paulo levando pessoas necessitadas de atendimento médico. Detentor dos melhores costumes e muito ético, o Senhor Moraes foi muito admirado por todas as pessoas que o conheciam. Um fato ocorrido com o filho caçula e contado por ele vem a comprovar isso. Com pouco mais de vinte anos de idade o Carlos Alberto era funcionário de uma indústria química, a Quimbrasil. Na ausência do gerente do seu departamento, ele esteve a querer chamar às atenções de seus colegas de trabalho. Subiu sobre uma mesa e estava num eloquente discurso quando foi visto por um novo diretor da empresa. Este era temido, muito severo contra as distorções de comportamento. No dia seguinte ao “discurso” o Carlos Alberto foi intimado a comparecer perante o tal de diretor. “Suando frio” ele foi ao que o esperava temendo ser nada de bom para ele. O diálogo entre aquele diretor e o ator do comício ou discurso de sobremesa foi mais ou menos assim:
--Sr. Carlos Alberto de Moraes?
--Sim senhor.
--Estive analisando sua ficha e vi que o senhor trabalhou na Cia. Melhoramentos de Caieiras, certo?
--Sim senhor.
--Vi o nome do seu pai, ele era o motorista conhecido como Moraes da Cia?
--Sim senhor.
--Pois vou lhe dizer uma coisa rapaz! A sua atitude de ontem, de pé sobre uma mesa e “discursando” não condiz com o filho de um homem que conheci na Cia. Melhoramentos. Não é uma atitude correta, disciplinada e coerente com o homem, o seu pai que aprendi a admirar e que várias vezes me serviu profissionalmente. Em respeito a ele vou lhe dar uma segunda chance e espero que isto lhe sirva de lição. Agora pode voltar a sua seção de trabalho.
Aqui está uma comprovação da estima dedicada ao Senhor Moraes, esta que veio a livrar o filho de uma consequência indesejável. A Dona Frida também exemplar em seus comportamentos, após a morte de seu marido e na ausência dele, viveu até o fim de seus dias na Cresciuma, hoje, Centro de Caieiras. Permanecem na memória as fisionomias do Senhor Moraes, da Dona Frida, Do Roberto e do Zezinho Del Porto, saudosos que são. A Elza e o Carlos Alberto de Moraes continuam entre nós, vivos nas recordações felizes.
Altino Olympio