Clube da Terceira Idade de Caieiras
Sábado dia vinte e seis de maio de 2018 vai ficar na minha lembrança. Ainda sem terminar a greve dos caminhoneiros de todo o Brasil eu resolvi sair da toca. O clima estava ameno quando deixando o invejável Bairro de Perus da Cidade de São Paulo “viajei” para a romântica Cidade de Caieiras. Lá chegando por volta das dezenove horas e trinta minutos, me vi ladeado pelo silêncio de uma cidade parecida estar deserta. Mas, onde estaria o povo daquele lugar que foi palco das minhas aventuras e dos meus amores?
Ninguém pelas ruas do centro e só vi pessoas na ruazinha estreita entre a Igreja e a sede própria do Clube da Terceira Idade. A igreja estava com suas portas abertas e dentro dela vi algumas pessoas rezando ou, talvez, aguardando o início de uma cerimônia religiosa. Também vi algumas pessoas chegando e entrando na igreja. Daquela sede se ouvia bem os sons de “músicas da década de sessenta” do século passado. Tais sons, com certeza invadiam o interior da igreja. E eu que não consigo parar de refletir, pensei: Enquanto uns vão para um lugar, outros vão a outros. Isso faz parte da diversidade humana e das prioridades de seus momentos.
Entretanto, estando naquele lugar entre a igreja e aquela sede, fiquei observando se algum conhecido iria aparecer para que eu pudesse ter uma companhia para adentrar no baile que estava havendo. Nenhum apareceu enquanto estive sondando para resolver se ia ou não entrar para participar daquele baile. Meus pensamentos se perguntavam, será que havia me tornado tímido e não sabia (risos). E se lá no baile não estivessem àqueles conhecidos e amigos de outrora, desatualizado como estava eu ficaria desambientado. Mas, eu fui pra Caieiras querendo ir naquele baile. Por que aquela indecisão, então? Talvez por ter-me ausentado de bailes durante muitos anos e aquele retorno “inesperado” me fez sentir como um jovem inexperiente.
Indecisão desnecessária! “Criei coragem” (risos) e fui ao baile. Lá, aos poucos fui vislumbrando alguns amigos que não via há muito tempo. Que bom, pois, logo iria me enturmar e foi o que aconteceu. Dirigi-me onde ficava o bar e estando lá alguns amigos vieram me cumprimentar. O muito conhecido Waltinho “dos bailes” que me informou sobre aquele baile, ao dançar com uma loira, interrompeu a dança e os dois vieram conversar comigo e a loira de nome Solange Martins Dartora falou para eu dançar também com alguém. Respondi a ela que não sabia se ainda sabia dançar. Depois conversando com ela disse-lhe que estava precisando de alguém para passar massa corrida nas paredes de minha casa e que a tinham me indicado para essa tarefa poeirenta.
De fato eu já a via visto lixar uma parede em que ela havia passado massa corrida. Falei pra ela que ela era “pau pra toda obra” (risos). Também conversei com a Neide Alarcon e recordamos sobre alguns fatos do passado como também dos parentes dela, os quais eu conheci. Só sei que no baile que esteve muito animado, me senti como se estivesse entre família. Incrível, ainda sei dançar (mais ou menos), pois, dancei primeiro com a Solange, dançamos e conversamos dançando. Depois dancei com a Neide, também dançamos conversando. O gozado desta história é que naquela alegria contagiante eu lembrei que me esqueci das preocupações e até pensei que eu era outro que ainda não conhecia (risos).
Lá fiquei sabendo que a presidente do clube é a Senhora Madalena Cato, mas, ele não esteve presente. Mas, a Nenê (Maria Aparecida Pelizari), uma das diretoras esteve na cozinha do bar preparando os petiscos para os dançarinos degustarem (não confundir com bailarinos). Ela, também é uma boa animadora. Eu a vi e a ouvi conclamando os homens presentes para uma competição e até me convidaram para participar, mas, respondi que não porque estava lá mais para assistir (fiquei com vergonha, risos).
Ah, lá estava também o famoso “Eduardo que era da farmácia” dizendo para outros que já havia estado comigo num programa de rádio da antiga 96,5 FM e eu não o havia conhecido. Foi quando me lembrei daquele programa de rádio quando ele discorreu muito sobre medicamentos para disfarçar a humilhação dos homens quando eles não mais conseguem ter uma atitude dura com as mulheres.
Agora filosofando um pouco, é comum a vida “dar um baile nas pessoas” tornando-as indiferentes, desinteressadas em compartilhar entretenimentos com outros. Muitas pessoas de mais idade dizem que chegaram numa fase em que parece que tudo na vida perdeu a graça. Compreendo-as porque também eu às vezes digo o mesmo. Contudo, pessoas quando se reúnem esquecendo-se de quem são e assim nada tendo a comparar com os outros e vice-versa, a harmonia reina entre todos. Num ambiente onde ficam ausentes as equiparações, sejam financeiros ou psicológicos, todos se sentem iguais e sendo assim, a descontração brinda a todos com a alegria de viver e até o tempo parece parar, mas, ao contrário, passa rápido demais. Aquele dizer “não ver o tempo passar” sempre está presente naqueles momentos de quando “momentos felizes e emotivos” decorrem imperceptíveis quando a dança da vida nos presenteia com esses ritmos da existência.
Altino Olympio
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