“O impulso para a cultura da alma deve ser provido pelo indivíduo. Três vezes afortunados aqueles que podem irromper através do círculo vicioso da influência contemporânea e situar-se acima de suas fantasias” (Kut Hu Mi).
O “progresso” sempre está a promover novidades sobre o mundo do além. Caieiras, bem integrada nas modernidades acolhe bem influências inovadoras. Na ausência de religião própria deste país, todas foram importadas. Isto está citado em outra coluna deste jornal “A Semana” com o título “Todo Mundo na Lona”. Já presentes por aqui desde o século passado, as religiões japonesas estão ao agrado de muitos brasileiros, aqueles descontentes por outra ou outras a que pertenceram. Prosélito é o nome que se dá a quem passa a professar uma outra religião diferente daquela pela qual foi batizado e isso se tornou comum. Atualmente isso não é motivo de desabono. Não faz muito tempo, o velório teve o seu recinto como palco para uma cerimônia fúnebre apreciável, embora ainda não tão comum e diferente das demais, mais habituais e mais comuns. Os integrantes daquela religião ou filosofia japonesa, sendo brasileiros, em uníssono recitaram ou rezaram o que tinham decorado no idioma japonês. A seguir, rezaram mais rápido um “Pai Nosso” no nosso idioma. Ao término dele, uma senhora olhando, dirigindo-se ao falecido, disse-lhe conforme foi entendido o seguinte: agora que estais no plano espiritual terás a mesma proteção que tinhas quando estavas no plano material. Interessante! Só que, o rapaz morreu porque foi atropelado por um automóvel. Talvez a proteção que a mulher insinuou tenha sido outra, a do seu espírito, por exemplo, mas, como nada acrescentou, então, como entender aquele paradoxo? Algumas pessoas (poucas) que não pertencem àquela religião, lá mesmo discutiram esse assunto depois, com alguma indiferença. Na verdade tem muita gente que não leva religião a sério. O que ouvem, entra por uma orelha e sai por outra. Talvez seja por isso que temos duas ah ah ah ah. Esses escapam do fanatismo e sempre são mais simpáticos, mais desejáveis nos relacionamentos amistosos. Religião não é aquela necessidade de que tanto falam. Existem pessoas que nenhuma tem, são obedientes aos melhores princípios humanos e seus exemplos sobre solidariedade e empatia superam muitos religiosos que estão por ai pensando ser melhores dos que religiosos não são. Se o termo “condicionamento” fosse substituído pelo termo “programação” e os programados tivessem a capacidade de se verem assim inseridos, até poderiam reverter àquelas suas circunstâncias que sejam inconseqüentes, mas, isso é utopia. Se não fosse, aqueles que exteriorizam inexiquibilidades não mais teriam tanto ouvintes. Com isso o mundo se tornaria muito sem graça. Perderíamos os seus artistas mais engraçados.