Um passeio sobre os trilhos, quem viveu sabe o que é,
É voltar aos velhos tempos, da infância e adolescência,
Quando eu ia pro trabalho, viajava nesse trem,
Hoje tenho saudades das lembranças que vão e vem,
Antiga Caieiras era encantada por duas linhas de trens,
A famosa “maquininha” que tanto nos fez bem...
Quando menina, meu nono foi operador de tráfego e telefonista,
Meu pai foi brequista, uma de suas conquistas,
E seus dois amigos eram os maquinistas,
Quanta história de alegria e de tristeza também,
Pular do bonde andando era mania geral,
De um povo unido e amigo que foi muito legal...
A administração de mão em mão foi passando,
E tudo que é bom um dia acaba,
E pouco a pouco o sonho desmoronando,
O trem ao longe apitando na curva pra’nunca mais voltar,
Quem viu viveu, sonhou, acordou e chorou,
Hoje tudo acabado, trilho arrancado, mato fechado...
Quem não tem uma história de trem para contar?
Fez parte de nossa vida e isso já faz um bom tempo,
Alegrando o nosso dia com direito a uma tela bela,
Digna de um artista pintar...
Não consigo imaginar como um patrimônio,
Pode desencantar para nós pobres mortais...
Só nos resta viajar através dos pensamentos emotivos de uma locomotiva,
Que hoje ainda apita no fundo do meu coração,
Entremeando a dor e a alegria de uma louca ilusão,
Que poderia voltar a andar nos trilhos do meu rincão,
Se eu tivesse o poder faria o relógio parar,
Recolocaria os trilhos para o trem funcionar...
Homenagem à minha cidade de Caieiras que um dia teve uma linha de trem particular da Cia Melhoramentos (Ind. de papel).