A Rua do Escritório
--Mas Renato Marchesini você é um cara invejoso, hein? Só porque ouviu pela rádio do Estanguelão o passeio que a Vera de Freitas, eu e o Dinho (sucuri) fizemos na Vila República, agora também queres ir lá ao Bairro da Fábrica.
--Quero sim, também sou de lá e tenho direito de rever a Rua do Escritório.
--Tá bom, mas, terá que ser pela maquininha da imaginação. Dê-me a mão (ai que mão gostosa, delicada) para nós irmos juntos e “descermos” no mesmo lugar. Relaxe feche os olhos e repita este mantra sagrado: Padmianusroxoooooo. Pronto, chegamos... Viemos parar no lugar certo, Pracinha da Portaria Um.
--Sensacional! Estou vendo tudo. A portaria, a pracinha com o laguinho artificial, o relógio de pau, ao lado a garagem dos carros da indústria...
--Que relógio de pau o que? Os marcadores, os ponteiros são de madeira, mas, o mecanismo não. Quem será que fica dando “corda” nesse relojão? Ele fica no alto dessa torre quadrada e lá em cima tem a sirene. Quando tem fogo na mata, se não me engano, lá do “espia fogo” do Morro do Tico-tico alguém telefona pra cá e logo acionam a sirene e ela fica ai berrando conclamando os operários para irem apagar o fogo. Abaixo da torre tem esse portão ai de entrada social para o escritório da Cia. Veja o jardim ladeando a entrada e aquele busto. Esqueci de quem é, também pudera, está sem sutiã (risos). À direita ao lado do portão está à garagem, como você já disse. Veja como os carros são super limpos e brilhantes. Os motoristas ficam alisando eles o dia todo. Suas esposas devem ser felizes, pois, por aqui quem mais sabe alisar são eles (risos).
--Ah é? Mas viu, aqui antes da pracinha existia a casa do Benjamim Marim e da Dona Joana. Parece até que na casa dele tinha um bar.
--Verdade sim. Vizinho dele era o Calónico e te digo mais, aqui também morou o músico Antonio Milani depois de se casar com a Nair, filha do Benjamim. Depois o casal foi morar em Perus. Agora sei disso porque o José Branco Julian me falou. Nos carnavais dos três clubes de Caieiras, no CRM, no URMSP e no Brasil Futebol Clube, com certeza a Orquestra do Milani se apresentava num deles. Então, aquelas casas antigas que existiam aqui foram demolidas para a construção da Portaria Um da Cia e da Pracinha. Veja a casa do João Nicola, da esposa Maria e das filhas Ruth, Cinira e Araci. Estou em dúvida se antes morou o Ricieri Marim, esposa e um casal de filhos ou se ele morou na casa vizinha. Bom, como na imaginação estamos na época de quando ainda não havia a rua nova do armazém, o tráfego para veículos e pedestres era por aqui em direção a Vila Nova, Vila Leão, Vila Pansutti, Vila da Ponte Seca... Note que a garagem “estrangula” a rua aqui onde ela está defronte a casa do João Nicola. A primeira de uma sequência onde as casas são umas coladas as outras e estão à nossa direita. Aqui à esquerda onde terminou a construção da garagem tem início um descampado até as paredes do laboratório e da Seção Pessoal. Esse espaço virá a ser um futuro jardim todo gramado. A rua aqui será transformada numa escadaria, visto que, é em declive até lá embaixo na ponte de madeira sobre o Rio Juquery. Mas voltemos para dar sequência nas nossas lembranças. Já falamos sobre esta primeira casa, a do João Nicola. A segunda, ainda defronte a parede da garagem é a do Jaime Crispim, Dona Olga Carezatto Crispim e do filho Ari, antes de aqui morar o José Costa Braga e Dona Janice. Esta é a do mecânico Mario Aurélio de Campos e esposa Tica e os filhos. Que pena, esqueci o nome dela e dos filhos. Esta, agora já de frente pro descampado é a casa do Onofre Barnabé, esposa Adelaide e dos filhos Jacomo, Antonieta (a Nega) e da Elza. Aqui, Pompilio Gava, esposa Amélia e os filhos Lino, Maria, Olga e Hilda. Teimei com o José Julian que o Pompilio tocava violino, mas, parece que era trombone. Agora Virgílio Paltrinieri, esposa, e os filhos Darcy, Valdemar, João e a Deyse. Aqui a última casa dessa fileira de casas coladas umas as outras. É a do Nine Julian e nunca soube que o nome dele era André (risos). Casado com Dona Ermelina Branco Julian o casal tem dois filhos, o José e o Paulo. Temos agora este espaço sem construção e... Rapaz que sorte a tua. Prepare-se para um espetáculo. Vem cá e sai da rua, depressa. Olha que cara louco! É o Paulo Romelli. Passou aqui voando com sua bicicleta. Ele vem lá da Rua do Filtro e sem usar os freios alguma dia ainda vai se matar aqui. Não sei como conseguiu fazer aquela curva, primeiro à esquerda e logo depois à direita e sumiu da vista.
--O louco! Nunca vi nada parecido. Até me arrepiou prevendo que ele fosse cair.
--Que nada, ele sempre faz isso. Ufa... Mas viu quero te falar algo. O José Branco Julian desta casa, ele tem seus méritos. Músico e dedicado ao seu pistão (trompete), ele foi muito participante das orquestras daqui. Foi membro da Corporação Musical Melhoramentos e da Fanfarra, a muito premiada em concursos em muitas cidades por ai afora e continua com seus préstimos para a Fanfarra de Caieiras. Então, como estava te dizendo, depois do espaço entre a casa dele temos esta casa com uma posição privilegiada. Fica num platô por trás de um barranco, este tendo um muro de arrimo construído com grandes pedras. Sua fundação está do lado e abaixo do córrego que vem lá de dentro da indústria. Às vezes se vê uma enxurrada nesse córrego com águas espumadas, resultado talvez de alguns produtos químicos diluídos. Lá em cima, a casa, então, tem até uma varanda donde a visão pelos arredores é agradável. De lá se vê bem a famosa ponte de madeira, as comportas do “rio de cima”, a guarita do “guarda” do caminho da Vila da ponte Seca... Foi por aqui que desceu aquele carro antes dele desgovernar-se e cair no rio. Era do pessoal da propaganda do Hugo Borgh, candidato político da época. Penso que você se lembra disso. Entretanto, na casa lá de cima, quem diria, morou o meu tio, Ernesto Olimpio e minha tia Amábile. Depois deles, o Zé Maneco (José Pereira da silva), esposa e as filhas Maria Izabel e Regina ou Regiane. O Zé Maneco, às vezes navegava pelo rio com uma lancha barulhando e fazendo enormes ondas para atrapalhar os pescadores como o Danilo Valbuza, Nestor Lisa e outros. Não sei se ele ia até a represa, aquela bem depois da Vila Leão. Xi, agora a memória está falhando. Não lembro se era recuada da casa do Zé Maneco onde ficava a casa do Urbano e da esposa Zoraide. Dos filhos só lembro agora do nome da Ângela. Você está calado Renato. Que foi? Algo te preocupa?
--Não, apenas estou “viajando” pelos rostos das pessoas que você está citando. Isso me causa nostalgia e também alegria de ter vivido parte desse passado.
--Se falou em nostalgia é bom voltarmos pro nosso ano de 2012. Relaxe feche os olhos e... Quer repetir aquele mantra outra vez (risos)? Pronto, cá estamos de volta pra este presente. Eta era vulgar e sem graça. Não se tem mais histórias e nem bosta nenhuma que valha a pena ahahahahahah.
--É mesmo, não? Pelo menos nós tivemos uma vida cheia de atrativos e hoje...
--Bom to indo embora. Até uma próxima vez... Ah, de um abraço pra minha inimiga. Tchauuuuuuuuuuu.
Altino Olympio
Comentários:
Olá Caieiras, que belas lembranças...
De fato a primeira casa era do Calônico, cujos filhos eram Noêmia e Osvaldo, a segunda era do Benjamim Marim que tinha uma bar dando para a rua de traz., sendo seus filhos a Maria, Diva, Izaura, Floriza, Riccieri, Nel, Norival. Depois tinha a casa do Riccieri Marim, pai do Valdir e da Vera. Após vinha a casa do José Favero, depois do João Nicola. Essas casas foram demolidas e o pessoal mudou-se para a Vila Pansuti, ficando a c asa do João Nicola para baixo, seguindo a do Jaime Crispim, da Tica, do Mandri, do Barnabé, e após vinha a casa de uma casal húngaro que não lembro o nome, depois a do Pompilho, depois de um funileiro que não lembro o nome, mas lembro que um dos filhos se chamava João Batista, e o restante já está descrito.
Um grande abraço a todos e que Deus sempre lhes abençoe.
Araci Nicola