Dezesseis horas da sexta-feira, dia sete de outubro de dois mil e dezesseis. Tarde de sol bem agradável e céu de azul escuro como nunca havia visto entre os espaços do branco algodão das nuvens. Ouvindo a música “The sound of music” do filme “Noviça Rebelde”, cantada pela Susan Erens da Orquestra do Maestro André Rieu, olhando para a distância do “azul e branco” do céu, com o pensamento sem pensamento, minha alegria de viver daquele momento foi premiada por visões de um passado que pensei esquecido. Vi-me ainda menino no final do tempo da utilização da locomotiva a vapor (Maria fumaça) da Indústria Melhoramentos de Caieiras.
No trajeto do Bairro de Caieiras para o Bairro da Fábrica donde eu nasci e morava, à noite, a locomotiva puxando seus vagões de passageiros abertos de ambos os lados, eles eram para os passageiros o interagir com os ruídos que ela provocava rompendo o silêncio noturno. Que saudade daquele sacolejo do vagão e do piiiiiiiiiiiii estridente do apito dela. E ela com o seu pfum,pfum,pfum, pfum... pfum... pfum... Som característico soltando pedacinhos de luz na escuridão da noite, ou melhor, soltando brasas pelo ar. Elas penetravam pelos vagões donde as pessoas se davam tapas para apagá-las tentando evitar que elas queimassem a pele de seus rostos e pescoços. Quando queimava bem que doía (risos). Às vezes aquelas brasas queimavam e furavam as roupas dos passageiros para só depois eles verem o prejuízo na claridade de suas casas (risos).
Era muito divertido e emocionante aquele translado com a Maria fumaça com seus vagões sem qualquer iluminação. Para os namorados fogosos daquela época que queriam se beijar as escondidas com receio do “o que poderão falar de nós” a escuridão era proteção contra os de “língua comprida ou linguarudos”, aqueles que comentavam sobre as quem eram as “brasas encobertas” daquele lugar paradisíaco donde o amor proibido nem sempre ficava oculto para sempre. Mas, o assunto aqui é sobre a “máquina a fogo”, assim também como era chamada a Maria fumaça daqueles tempos de outrora. E, restam poucas pessoas ainda vivas daquelas que o destino as fez viver para ver o fim de um período romântico de quando a fumaça da locomotiva parecia escrever pelo ar a sua despedida para depois se tornar parte da história, da mesma história do povo simples e feliz daquele lugar de agora apenas da nossa memória.
Comentários
o confrade ALTINO, escreveu o trecho abaixo que traduz lembranças ndizíveis de um tempo que se foi e não volta mais, acho ele uma pessoa de competência intelectual e literária e também espiritual (embora ele não admita rs rs rs) abaixo o trecho que faço questão de retransmitir novamente: (faltou dizer que eu, somente eu, era capaz de desengatar todos os vagões , ficar escondido rindo, esperando o alarido das pessoas que iam trabalhar na Melhoramentos , se o finado ALFREDO BONINI, me pegasse fazendo isso eu ficaria com a cara quente rs rs, ele não trabalhava com a Maria Fumaça, somente as outras.
Osvaldo Della Beta