Passeio até a Vila Leão – 3ª parte
--É leitor deixamos pra trás a Ilha das Cobras. Ainda perto dela estamos aqui na “volta fria”. Observe este lugar medonho. À esquerda temos o rio e à direita este enorme morro, muito íngreme, bem alto e repleto de mata. O lugar tem esse nome porque é úmido devido a ser pouco visitado pelo sol e pelas águas que escorrem lá de cima. Digo-te, não podemos voltar do passeio à noite porque este lugar é assombrado. Ah você está rindo? É verdade sim. Já vi assombração aqui. Vi mula sem cabeça, homem sem cabeça e às vezes quando um deles no escuro fica no meio da rua, ninguém consegue passar por ele. Outras coisas eu já vi, mas, dá arrepio só em falar. Barulho e vozes, então, se ouvem no meio da noite. Por isso a gente sai correndo de medo. Assim que escurece, sozinho por aqui ninguém passa. Ah, aqui estamos numa pequena reta tendo de um lado o rio rente a rua e do outro lado com início a partir daqui e com mais suave inclinação, este morro com uma plantação de bananeiras. Aqui na margem do rio existiu um porto para a extração de areia. Opa! Estamos chegando à primeira casa da Vila Leão. Estou com um mapa dessa vila no bolso, cedido pelo Chico Trem. Quando me esquecer dos nomes das pessoas que moram lá, consulto este mapa onde estão enumeradas as casas de todos eles. Primeiro percorreremos ao lado direito da rua identificando os moradores e depois retornamos para recomeçarmos pelo lado esquerdo. Então, 1ª casa é a do Jacob Fava. 2ª casa é do Angelim Fava que antes foi do Luiz Nani. 3ª casa, Francisco Capataz. 4ª esta é a do Zé Guarda, antes foi do Benedito de Abreu. 5ª casa é do Calipiá depois de ter sido do Geraldino (Mazzaropi). 6ª- Aqui é a ruazinha de acesso a casa do José Pastro que fica mais ao fundo. 7ª casa era do Wilson Teixeira e depois passou a ser do Luiz Pereira de Araujo (Bugiu). 8ª casa, Orlando Santana (Kimbo). 9ª Geraldo Farias e depois Atie pintor. 10ª casa, Antonio Olimpio (Cambuquira). 11ª casa do Antonio Calónico é a última antes do campinho de futebol da vila. Voltemos para o início da rua. Aqui, 1ª casa do lado esquerdo, Antonio Alves. 2ª casa é a do José das Almas. A 3ª é a do Luiz Gabriel. A 4ª é a do Ernesto Silva (Jaú). 5ª é a da Maria Bueno. 6ª João Serigatti e depois dele Antonio Casol. 7ª é a casa do José Godói e a 8ª que é a do Constante Mandri é a última da fileira da esquerda antes do largo do campinho. Ah o campinho de futebol da molecada. Ele provoca boas lembranças. Local de eventos onde tivemos festas de igreja, comícios políticos e aqui mais de uma vez compareceu o Hugo Borgh, candidato a deputado estadual, isso, se não me engano. Ele distribuiu muitas marmitas inscritas com o nome dele. Algumas vezes aqui no campinho tivemos também o “Cineminha do SESI”, claro, ao ar livre. Bem antes da chegada do veículo com o pessoal e os apetrechos para a projeção do filme, o povo já se acumulava aqui. A tela para a projeção eles a erguiam lá próximo onde é a casa do Calónico. Lembro-me de um filme do detetive Sherlock Holmes e da frase que ele repetia ao seu auxiliar “Elementar meu caro Watson”. Agora vamos dar um passeio por ai e conforme lembrando eu vou te falando os nomes dos moradores daqui. Vou precisar consultar o mapa do Chico Trem para me lembrar de todos. Como já disse você só ouvirá os nomes dos responsáveis pelas casas e não os nomes das esposas e filhos. Você conheceu e a quase todos daqui conhece, então te será fácil relembrá-los. Vamos andando que já estou pronunciando os nomes...
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José Camargo, José da Silva, Severino Maziviero, Aurélio Bertolo, Alfredo Rodrigues, Antonio Piracaia, Basilio Molinari, Emilio Mandri, Heitor Vince, Bento O. Passos, Luiz Petroni, João Domingues, Gildo Bertolo, Zé Marcondes, Ubaldo Pastro, Antonio Cardoso, Pedro Furquim, Luiz Albino, Maria de Souza (Maria Mineira), José Rodrigues da Fonseca (Perereca), José Pedroni, Orlando Vince (Camarão), José Miranda, Geraldo Fava, Aníbal Maziviero, José Luizato dos Santos, Joaquim Tesouro, João Juliato, José Nicolau Bitar, Stefan Chernik Filho (Piste), Lazaro Barbosa (Cachambu), Abelardo Martins, Leão Rosolem, Ivo Rosolem, Sebastião Rodrigues, Pedro Dela Rizza, Hercules Botoni, Antonio Almeida, Benedito Pansutti, Reinaldo Vicente (Italianinho), Manuel Vieira (Guardachuveiro), Julio Faustino, Benedito Zacarioto, Sebastião Albino, Lazaro Moraes, Matias Martins Ramos, José Martins, Francisco Zomignan, Sebastião (Dona Lila), Américo Meneguine, Jorge Dias de Moraes, Pedro Mussoline, Francisco Bento, João Bento, Valdemar Baboim, Vitório Foresto, Augusto Bertoline, Antonio Bertaglia, Maria da Conceição, Reinaldo Lopes, João Favrim, João Bertolo, Odair Miranda, Bruno Cardoso, Frederico Decresci, Maurílio Mandri, Amador Capataz, Augusto de Freitas, Francisco Foscarini (keko), Benedito Pereira Marques (Faísca), Adolfo Molinari, Luciano Petroni, Mario Molinari, Benedito Cardoso (Ticão coruja), João Chiati, Sebastião Leôncio, Antonio Carreiro, Sergio Antonio, Vitorio Rossi, Alois Steinscherer (Luiz Strancher), Nelson Baboim (Bico), Geraldo Cardoso, José Spera, o Solão, Vicente Marino, José Vieira, Antonio Cardoso, João Zomignan, José Albino de Oliveira (Juca), João Nascimento, Antonio Bento (Bentinho), Abelardo Martins, João Cintra, Alexandre Ravazio, Antonio Mandri, Vitor Barrichelo, Paulo Kosztiks, Francisco Zomignan.
Então leitor gostou do passeio? Ao te pronunciar todos esses nomes de pessoas que aqui moram e de outros que aqui moraram, imagino a quantidade de rostos que surgiram em sua mente. Você viu na mente rostos de avós, pais, mães, filhos e até netos. No início deste nosso “passeio” te pedi para imaginar como ainda existente os locais por onde iríamos passar. Entretanto, agora voltando à realidade, como você sabe, “não mais existem” todos os lugares por onde passamos utilizando a recordação. Sabe também que, muitas das pessoas citadas já partiram e hoje são ausências. As muitas ainda entre nós neste mundo, ao se mudarem daqui se espalharam por outros lugares e elas nos são saudades. O local onde era a Vila Leão tendo todas as suas construções demolidas hoje é irreconhecível. Obrigado por ter-me acompanhado neste passeio mental e espero ter-te proporcionado agradáveis recordações.
Altino Olympio
Francisco J. V. Freitas, o Chico Trem
Ao Jornal "À Semana"
Parabéns pelas crônicas da Vila Leão
Muito bem escritas, inclusive com direito à vivência dos momentos. Lendo é como se estivéssemos ali no momento, até parece que é o presente. Quando se cai na realidade novamente percebemos que muitos dos relatados já partiram e não estão mais em nosso meio. Foram épocas muito boas, vividas e experimentadas por nós, foi tão bom que se fosse possivel reviver tudo novamente acho que todos gostariam. Eu gostei desse trabalho.
Abç
Delmonte Vicencio
Meus caros!!
Excelente crônica... Realmente, um desfile de nomes e lugares muitos dos quais eu havia esquecido...Um grande abraço e não deixem nunca de publicar crônicas como essa.
Um enorme abraço -Nilson da Curva