Quem se lembra da rádio 96.5 fm
Pontualmente todos os dias as 6 hs. a cidade acordava com um toque de música clássica e entrava no ar o mais famoso locutor da região, Talico e suas músicas de dor de cotovelo.
Mantida pela Associação Cultural e Educativa Caieiras 2000 a rádio tocava de tudo era extremamente democrática, todos podiam falar sem nenhum tipo de preconceito.
Programas como Caieiras Antiga de Nossa Gente tocado pelo Altino Olímpio foi sucesso durante anos, muita música antiga e entrevistas espetaculares com caieirenses que construíram a Cidade. Começava as dez horas da noite e seguia madrugada afora. Apelidos, situações constrangedoras, declarações de amor escondido durante décadas, tinha de tudo nesse programa.
O telefone que colocava o ouvinte no ar não parava, personagens como “lobisomem” eram presença constante e infalível toda sexta feira.
As brigas de políticos eram constantes, enquanto um falava na rádio o adversário ficava no telefone se defendendo e vice-versa. Talvez a mais notória briga tenha sido a do então Prefeito Pedrão com o ex-Prefeito Névio. Vereadores também davam seu show para cutucar o colega ou o prefeito.
Episódios engraçados ocorriam sempre, numa manhã de domingo duas crianças estavam falando na rádio Fabio e Junior mas o público entendeu Fabio Jr. e o telefone para entrar no ar quase derreteu, as fans queriam saber o endereço da 96.5 fm. poucos sabiam a localização mas ainda assim algumas moças e senhoras começaram a chegar, o programa domingueiro teve que ser suspenso.
Outra “mancada” foi do locutor do programa sertanejo diário que ia das 17 as 19 hs. ele anunciou a morte de um amigo querido que teria acabado de falecer no hospital local, em minutos os parentes do “falecido” estavam lá para desmentir, o constrangido locutor teve que “desanunciar” a notícia.
E tem aquela do candidato que disse ser a sua concorrente uma galinha muito gorda para subir em poleiro alto, a resposta veio em seguida e ela começou assim “vou descer o cacete nesse f.d.p. galinha gorda é a mulher dele” e vociferou pelas ventas, tudo transmitido ao vivo e a cores.
Pela rádio passaram e eram ouvidos padres, pastores, médicos, policiais,políticos, empresários, artistas, professores, etc. mas principalmente gente do povo. O alcance das transmissões era limitado por conta da baixa potência do transmissor, mas mesmo assim a audiência era grande.
A rádio 96.5 fm Caieiras terminou quando recebeu uma fiscalização da Anatel fruto de denúncias de políticos nanicos que não se conformavam com a linha democrática que a rádio praticava. Entretanto foi um ato discriminatório e ilegal já que a mantenedora tinha tudo legalizado e apenas aguardava a licença definitiva da própria Anatel.
Quando finalmente liberaram os equipamentos confiscados estavam deteriorados no depósito da agência governamental, foram armazenados debaixo de sol e chuva não prestavam mais para nada. E assim terminou uma rádio que ficou na história de Caieiras, foi abatida por ser política e socialmente prematura, além do seu tempo e a elite dominante não estava preparada para enfrentar os novos tempos.
Edson Navarro.
ALTINO OLIMPIO CONTA SUA PARTICIPAÇÃO NA RADIO 96.5 FM EM CAPÍTULOS
Rádio 96.5 FM – I e II
Como teve início na Rádio Cultural e Educativa da Cidade de Caieiras o Programa “Antiga Caieiras de Nossa Gente”. No começo do mês de setembro de 1997, no velório de Caieiras encontrei-me com o Edson Navarro. Conversa daqui, conversa dali, ele me convidou para ir conhecer a rádio comunitária que estava sonorizando pelos ares da região de Caieiras. Eu nem sabia que existia tal rádio e nem que ele era o principal responsável por ela. Depois do velório que já havia terminado com a “despedida” para sempre de alguém que não lembro quem, fomos para a Estação do Rádio que se situava na Rua Sorocaba, na Vila São João do Bairro do Serpa.
Isso aconteceu numa sexta-feira. Lembro-me porque, estando lá na rádio, pelo microfone participei por poucos instantes do programa da parte da manhã do então casal Egle e Fleury. Depois desse meu batismo radiofônico, o Edson convidou-me para também dirigir um programa. Até sugeriu um nome: Caieiras Antiga de Nossa Gente para ser um programa de recordações. Naquele dia eu contava com 55 anos de idade e com certeza perfazia uns trinta anos ou mais que eu não ouvia rádio, como até hoje não ouço. Aceitei o convite do Edson e marcamos para a próxima sexta-feira, doze de setembro de 1997, com início às vinte e uma horas, o primeiro programa Antiga Caieiras de Nossa Gente, com o término às vinte e quatro horas.
O primeiro programa contou com uma gravação “levada ao ar” da entrevista com um quase centenário, o conhecido Senhor Elpidio Pereira da Silva. Três semanas depois, também levamos ao ar outra entrevista gravada com outro centenário, o Senhor Neufeld (se pronunciava Senhor Noife). Naqueles tempos como a tecnologia não estava tão adiantada como está hoje, as músicas, só as bem escolhidas eram reproduzidas através de um toca-discos, pelos discos chamados de “long-play”. O programa, então, que não foi copiado de outro programa de rádio porque rádio eu não ouvia, agradou a muita gente da região.
Com a audiência que teve logo o programa musical e de entrevistas teve o seu horário ampliado das vinte e duas horas das sextas-feiras até as seis horas da manhã dos sábados. Depois que os entrevistados, e foram muitos, se retiravam tinha início o programa romântico que se chamava “Madrugada Sem Solidão”. Nos próximos capítulos iremos contar algumas histórias engraçadas ou “picantes” que foram levadas ao ar da região da antiga cidadezinha Caieiras dos tempos da Rádio 96.5 FM. E pensar que tudo teve início num velório (risos).
Rádio 96.5 FM – III
Tenho dito que o irradiado programa Madrugada Sem Solidão “levado ao ar” pela região de Caieiras depois do programa Antiga Caieiras de Nossa Gente era um programa romântico. Mas, não era bem assim (risos). Às vezes surgiam besteiras que até poderiam ser censuradas. O condutor do programa (eu) quando ficava sabendo que algum ouvinte o tinha criticado por causa de algumas bobagens ou imoralidades, sempre no próximo programa ele “pegava mais pesado”. Isso queria dizer, propositalmente falava mais besteiras.
Numa ocasião até disse que tais pessoas que o criticavam, se elas fossem assistir a um programa em São Paulo cujos artistas seriam a famosa Dercy Gonçalves e o famoso piadista Ari Toledo, e que, ambos faziam rir a todos os expectadores ou telespectadores com suas imoralidades brincalhonas, tais pessoas que os fossem assistir se alegravam e até diriam “que noite engraçada, que noite maravilhosa” (risos). Os artistas aqui citados podiam falar o que quisessem, mas, para alguns ouvintes do rádio, o condutor da Rádio de Caieiras não podia. Assim pedia a hipocrisia.
Num dos programas o condutor do programa Madrugada Sem Solidão brincando disse algo sobre alguém que foi visto lá na zona de meretrício de Caieiras. Foi uma brincadeira que parecia que não haveria qualquer comentário. Mas, não! Dias depois um conhecido telefonou para a casa do locutor e lhe perguntou o porquê ele havia falado sobre a zona de meretrício. --Ora, ora, foi uma brincadeira respondeu-lhe o locutor. --Foi é, mas, uma pessoa veio me perguntar onde é que ficava tal zona de meretrício. Eu lhe disse que tal zona não existia em Caieiras. Mas tal pessoa me disse que existia sim, porque o cara lá da rádio havia dito que existia (risos) Esse fato foi engraçado como outros de maior relevância que iremos resgatar.
Rádio 96.5 – IV
No programa “Antiga Caieiras de Nossa Gente” do dia 15-02-2002 compareceram na rádio para serem entrevistados o José Polatto e o Maximo Pastro agora ambos saudosos e eram muito conhecidos na região. Ainda no início da entrevista com ambos, recordando o passado o Zé esteve falando de um senhor da Vila Nova do Bairro da Fábrica que diariamente ia tratar dos animais e aves que criava do outro lado rio cuja travessia ele fazia de barco. Aquele senhor tinha o apelido de Zé Bode e o Zé disse na entrevista que foi o pai dele quem colocou aquele apelido naquele senhor. Por acaso ele transou com a sua mãe hein Zé e daí o teu pai pôs esse apelido no homem? Fiz essa pergunta e o Zé ficou bravo e resmungou: Ah é, você vai ver, viu? Nós combinamos não falar nenhuma besteira hoje e você me vem com essa? Foi você que começou, viu? Explicando, na vida existem oportunidades que não se pode deixar passar.
Numa outra entrevista só com o Zé depois de apresentá-lo aos ouvintes, ele brincalhão como era já começou falando asneiras: Viu, você sabe que nós somos irmãos? Respondi-lhe: Eu não e por que somos irmãos? Ai ele explicou a asneira: Como nós éramos vizinhos, meu pai e a sua mãe, né? E o seu pai com a minha mãe, né... O Zé não teve tempo de terminar de falar, pois, o telefone tocou e o interrompeu, ainda bem. Pelo telefone se ouvia uma voz feminina de uma pessoa muito, mas muito irritada. Ela gritando tanto nos ofendeu e esteve desesperada contra o programa daquele dia. Eu ouvi com atenção todo aquele “carinho inesperado” e ao desligar o telefone e voltar a falar pelo ar da região eu disse ao Zé: Rapaz, você nem imagina a alegria que se sente ao participar de um programa de rádio. Uma senhora muito delicada telefonou agora e disse que o programa está ótimo e que deveria ir ao ar todos os dias e não somente às sextas-feiras. O Zé sorriu de alegria e um mês antes de completar 69 anos de idade em 2011 ele morreu. Nunca lhe falei daquela mulher que ao telefone deu a entender que muito o admirava (risos).
Rádio 96.5 FM – V
A rádio que trouxe muito divertimento para o povo principalmente o de Caieiras, teve também o seu lado cômico no programa “Antiga Caieiras de Nossa Gente”. Acredito que muitos se lembram daquela senhora engraçada moradora na região e que, era viúva e muito desinibida quando telefonava para a rádio durante o programa em questão. Todos que ouviam aquele programa a ouviam “dando cantada” no locutor do programa. Um senhor de Caieiras que hoje é saudoso e que gostava do programa disse que, quando ela telefonava, ele desligava o rádio. Religava depois que ela já tinha se manifestado pelos ares da região.
Mas aquela senhora sempre insistia “ao vivo” como se diz hoje, nas “cantadas” querendo conquistar o locutor. E publicamente o convidava para ele ir à casa dela. Num daqueles dias, o locutor com muita paciência, ao conversar com ela foi lhe fazendo algumas perguntas: A senhora deve morar numa casa muito boa, não? A senhora deve ter uma sala de visita bonita, não? E com aqueles sofás bem confortáveis, não? E ela respondeu: Ah tenho sim. E foi quando ele lhe disse: Então espera sentada até eu ir ai, viu? Conheço uma ouvinte daquele programa que “caiu” na gargalhada por causa dessa fuga do locutor, das garras daquela viúva assanhada.
Noutra ocasião a mesma senhora disse que se imaginava dançando com o locutor na sala da casa dela de rosto colado ao som de uma música lenta. Ele se mostrou entusiasmado com a idéia dizendo que seria bem romântico aquele baile a dois dançando de rosto colado com sussurros ao ouvido. Prepare-se então, pois vou lhe colocar uma música lenta para que a senhora, ao som da música, nos imagine apaixonados dançando de rosto colado. Mas, a música que ele “levou ao ar” foi uma do ritmo frevo e bem movimentada. Como será que ela se imaginou dançando de rosto colado ao som de uma música tão rápida que até desequilibra quem dança. Como soube isso também foi motivo para muitas gargalhadas dos ouvintes que ficaram imaginando a mulher tentando manter o rosto colado e dançando frevo ao mesmo tempo (risos).
Rádio 96.5 FM – VI
Voltando agora à lembrança de outra participação daquela senhora desinibida do programa Antiga Caieiras de Nossa Gente, ela pelo telefone e pelos ares da região de Caieiras dizia coisas impróprias para menores de idade (risos). Várias vezes ele se referiu ao chuveirinho do seu banheiro. Dizia mesmo e muitas pessoas a ouviram dizer da utilidade dele.
Ela sempre quando se encontrava naquela situação de tanta vontade de ser invadida naquele lugar donde se promove o aumento da população humana, sozinha em casa sem ter alguém à disposição para juntos efetuarem uma representação de como se realiza uma união para uma nova criação, ela cheia desse desejo sem poder realizá-lo tinha como desfazê-lo. Ia para o banheiro e lá se utilizava do chuveirinho com água fria esguichada naquele lugar que com homem se compartilha e donde até o Adão caiu do paraíso por causa daquele fruto que era proibido. Entretanto, aquela senhora muito colaborou com aquele programa de rádio e era assídua em suas comunicações engraçadas.
Rádio 96.5 FM - VII
Aquele programa de rádio, Antiga Caieiras de nossa Gente teve as suas “atrações particulares” que os ouvintes não souberam. Todas às sextas-feiras uma mulher misteriosa telefonava para o programa e conversava com o locutor enquanto algumas músicas estavam sendo irradiadas. Ela se identificou com um nome, que, claro, não era o seu nome verdadeiro. Dizia que telefonava de um “orelhão” (isso existia naqueles dias) e pedia para o locutor aguardar ou esperar por cinco minutos até que ela chegasse em casa. Depois dos cinco minutos passados ele, então, lhe oferecia uma música e seus familiares não iriam saber que a música era para ela por causa do nome que não era o nome dela (risos). Isso se repetiu várias vezes.
Passado algum tempo parecia que a mulher misteriosa havia desistido de ouvir o programa. E no programa quando não se tem o que dizer a gente inventa alguma coisa. E o locutor foi dizendo que o sonho dele seria ir pra a igreja de mãos dadas com ela para assistir uma missa, repetindo, de mãos dadas com ela. Ela não deve estar ouvindo o programa, pensou ele, e colocou uma música para os ouvintes. Logo o telefone tocou e aquela voz conhecida lhe disse: Seu bobo, que missa que nada, eu quero ir a um motel com você e desligou o telefone (risos). O locutor até hoje ele ainda vive, pois por sorte, nem chegou a conhecer aquela que, como ela lhe havia dito, era esposa de um policial e ele até poderia ter sido notícia de jornal.
Rádio 96.5 – VIII
Naquele programa “Antiga Caieiras de Nossa Gente” também ouve fatos inesperados. Um deles aconteceu quando o Senhor Elcio Casarotto (saudoso) estando no programa, depois do locutor ter lido um texto não habitual para ele, ele perguntou para o locutor: De quem você copiou isso ai? De ninguém, estava respondendo o locutor que foi interrompido por um telefonema de alguém que queria falar pelo ar da região. Aquela voz de homem com um sotaque diferente do nosso se dirigiu ao Senhor Elcio lhe dizendo: Esse cara ai viu, ele não copia ninguém. Ele não precisa disso, entendeu? Essa interferência até que foi engraçada.
Bem mais tarde e já madrugada num outro telefonema parecendo ser daquela mesma voz de antes, mas, num tom agressivo e de surpresa, aquela voz levada ao ar para todos que estavam ouvindo o programa, do nada e sem se saber por que, começou a proferir palavrões e mais palavrões. Filhos da... Vão tomar no... Viados... O locutor se assustou e desligou o telefone. Deu um tempo, religou o telefone pensando que o “boca suja” já havia desligado o telefone, mas não, ele ainda continuava a encher o programa com elogios originários de quem devia estar com a cabeça infectada por aquele desinfetante derivado da cana de açúcar. Daí o locutor e o convidado do programa caíram na risada. Quanto aos ouvintes o que será que teriam pensado sobre aquela tamanha ousadia? E o muito educado dono daquela voz não se identificou e finalmente desligou o telefone.
Rádio 96.5 FM – IX
No dia primeiro de março de dois mil e dois o programa Antiga Caieiras de Nossa Gente recebeu dois homens. O mais velho, o idoso, vamos chamá-lo aqui de linguarudo e o mais novo de provocador que tinha o apelido de nenê. Já era madrugada quando o linguarudo disse que ainda continha a rigidez de jovem e por isso ainda era viril. O locutor do programa e o provocador, os dois dando a entender que não acreditavam, rindo pediram para o linguarudo mostrar se a rigidez existia mesmo. O provocador ainda disse: Mostra ai. Não se deve fazer propaganda enganosa. O linguarudo não quis comprovar o que disse sobre sua ainda capacidade machista, mas, discorreu sobre outra sua especialidade, aquela que faz as mulheres até subirem na parede quando lhes acariciavam lingualmente numa região de seu corpo, prática esta que não existia nos tempos passados quando os casais só se satisfaziam com o fazer amor chamado de papai e mamãe.
Naqueles momentos de confidências (públicas) inesperadas o telefone da rádio se manteve mudo. Soube-se bem depois do programa, que, uma ouvinte que se dizia que não era ouvinte, ela que era amorosamente ligada ao locutor telefonou para a casa do linguarudo dizendo: Se não está ouvindo, liga o rádio ai e escute as besteiras que estão falando lá (risos). E assim, naquele dia os ouvintes da Rádio 96.5 FM tiveram a seu dispor lições do que se passa na intimidade de muitos lares, aquelas “coisas” que existem na vida e que não é nada recomendável comentar.
Rádio 96.5 FM – X
Houve uma vez em que o locutor do programa da Antiga Caieiras de Nossa Gente exagerou em suas brincadeiras radiofônicas. Talvez ele tenha sabido que tinha sido criticado por alguém que estava de mal com a vida e por isso, as besteiras que disse tiveram um propósito endereçado. Ele disse que deveriam formar um pomar com árvores cujos frutos delas seriam aqueles que os homens mais gostam de saborear em suas vidas e que também as mulheres gostam de oferecer-lhes.
Mas, ele pronunciou o nome de tais frutos conforme são conhecidos e ditos vulgarmente. Disse também que qualquer um poderia ir até o pomar e lá colher um daqueles frutos e chupá-lo lá mesmo. E como todos os homens de todos os povos do mundo gostam de tais frutos seria lucrativo lotar um navio com eles e exportá-los para os americanos.
Duas viúvas de Caieiras que todas as sextas-feiras iam para os bailes na Cidade de Jundiaí, naquele dia dos tais frutos ditos no programa de rádio, elas estavam voltando de um baile e ouvindo o programa pelo rádio do carro. A que estava de carona (saudosa) não estava acreditando no que estava ouvindo e perguntava pra outra: Escuta, eu ouvi mesmo isso? Mas, ele falou isso mesmo? Ajuda-me, será que estou ouvindo bem?
A que estava ao volante era bem chegada ao locutor e disse a ele que no dia seguinte as duas foram fazer uma visita para um casal que morava nos Alpes de Caieiras e lá uma dizia para a outra: Vamos lá ao pomar que tem aqui ver se têm daquele fruto e colher alguns? Os donos da casa nem imaginavam do que elas estavam falando (risos). Por essa e por mais outras brincadeiras parecia que o locutor se divertia mais que os ouvintes (risos).
Rádio 96.5 – XI
E o programa Antiga Caieiras de Nossa Gente estava mesmo sendo parte das noites de sexta-feira da região de Caieiras. Para muitos a única distração ou diversão que tinham era mesmo ouvir o programa até altas horas da madrugada. Era um programa que fazia com que mais se reaproximassem os amigos e conhecidos locais. E havia aquela curiosidade entre os ouvintes do programa “quem será que vai comparecer para ser entrevistado na sexta-feira?” Os ouvintes com os seus telefonemas participavam do programa e com suas vozes levadas ao ar, eles muito colaboravam até para aumentar a audiência do programa. As sextas-feiras então eram dias de alegria para o condutor do programa e para os ouvintes.
O programa que angariava amigos, infelizmente logo iria ser atacado por inimigos, àqueles que deveriam estar a serviço do povo e não contra. Se a memória está correta, foi na primeira semana do mês de abril do ano de 2002 que membros da “justiça” atendendo a prevaricações de pessoas inescrupulosas fecharam a Rádio 96.5 impedindo-a por lei de transmitir as suas programações. Pelos comentários daqueles dias o motivo para “acabar” com a rádio foram contendas entre políticos regionais. A rádio democrática como era permitia entrevistas entre politicos que gostavam de expor as suas opiniões, mas ela, a rádio, ela era neutra sobre o que eles expunham em suas entrevistas.
Como alguns políticos e simpatizantes de políticos se utilizaram do microfone para criticar outro político, este e seus outros, ao invés de se entenderem ou se desentenderem com quem os criticava, eles (ou ele) com suas consciências deturpadas, para se defenderem prevaricaram contra a rádio que nada tinha a ver com as intrigas de politiquinhos. A Rádio 96.5 FM saiu do ar e parece que para quem contribuiu para o fechamento dela “o castigo veio a cavalo” (risos). O ostracismo lhes foi bem merecido. E assim, uns poucos de mau caráter prejudicaram milhares de ouvintes de uma rádio que mais prestava serviços do que eles.