O Estanguelão (Edson Navarro) sempre enche o saco: ---Te pagamos uma grana para escrever histórias antigas de Caieiras e você só escreve aquelas baboseiras que ninguém lê. Se continuar assim, terá que devolver o computador que te emprestamos e você anda dizendo que nós te demos, pois, fique sabendo que nós não damos para qualquer um. “... (?) Nossa, que enrabada. Como acabou o estoque, o negócio é inventar algumas historinhas, ele acredita mesmo que sejam verdades”.
E ele continuou: ---Aquela outra também, a Rainha do Semáforo (Marlene Sávio) sumiu. Acho que foi multada ou se recolheu depois que a tia dela, a Metralhadora do Sadan (Zulema Sávio) foi detida por porte ilegal de arma. Assim não dá! O Estanguelinho (Edson Navarro Jr) é que fica aí agüentando a barra das reclamações.
Pensando bem, até que ele tem razão. Então... era uma veiz... ...
No mês de setembro do ano passado, um funcionário daqui do jornal precisou do Sucuri (Eduardo Pinto Cunha, mais conhecido “como o Dinho”) para executar um trabalho numa pequena obra aqui em Caieiras. Se já não bastasse o trabalho gratuito, além disso, ainda foi almoçar na casa do Sucuri. Lá, até tentou desmerecer as qualidades dele diante da Maria, sua esposa. E ela sempre retrucava dizendo-lhe que o Dinho sempre foi um homem muito bom e “gosto muito deste homem e nós somos felizes, e não acredito em nada do que o senhor está dizendo”. Desinchavido, dias depois, encontrando-se com o Ede (Eduardo Satrapa) e se esquecendo que o mesmo era primo do Dinho, contou-lhe onde havia almoçado e ter passado mal depois. “Claro, deve ter comido demais” respondeu-lhe o Ede. Aí, ele não teve como não reconhecer.”É mesmo rapaz, comi tanto e depois foi difícil passar as ferramentas para o Sucuri terminar o trabalho na obra”. E a Maria se viu contente vendo que na fauna de Caieiras sucuri se dá bem com jacaré. E por falar em sucuri, vamos dar um passeio até a cova do Dinho, onde ele nasceu, lá na Vila “Ilha das Cobras” do extinto Bairro da Fábrica.
Ilha das Cobras! No imaginário de pessoas que não a conheceram, podem mesmo imaginar como sendo numa ilha aquela vila e não era. Ficava entre o Bairro da Fábrica e outro conhecido como Vila Leão e em seus dois lados de acesso era protegida por dois barrancos enormes que eram mal assombrados. Vindo-se da fábrica de papel dirigindo-se para a Vila Leão, o primeiro barranco à direita imediatamente antes da Ilha das Cobras, de lá do bem alto dele caiam coisas durante a noite que amedrontavam quem por lá passava desacompanhado. Em curva à esquerda, com o ladear do barranco pela direita, a rua de terra pela sua margem esquerda, bruscamente terminava num pequeno precipício que findava no Rio Juquery. Dali de entre o barranco à direita e o rio à esquerda, por muitos anos viu-se sempre uma alta árvore da beira do rio, que ostentava num galho grosso, uma casinha de “João de Barro”, o ninho de “alvenaria” do pássaro que tinha o mesmo nome de sua casa. Já se ultrapassando por aquela árvore, á esquerda, já era a casa do Sr. Benjamim Nani, da vila que estamos revivendo.