O vereador Nelson Urtado tornou-se, nesta semana, o mais novo pivô da interminável crise entre a Câmara e a Prefeitura Municipal de Caieiras. O prefeito Nelson Fiore adotou diversas medidas administrativas que atingiram o vereador, também funcionário municipal há 17 anos. Nelson Urtado teve sua dedicação plena cortada, e viu-se transferido para uma saleta nos fundos da prefeitura, permanecendo agora sem qualquer função. O vereador alega que a atitude do Prefeito tem sentido de represália ao posicionamento que tem adotado na Câmara, onde tem votado contra diversos projetos do executivo. A agitação nos meios políticos caieirenses foi tamanha, que mesmo partidários do prefeito Nelson Fiore reprovam a atitude do executivo Antonio Molinari, suplente de vereador, por exemplo, considerou “inoportuna” a intervenção do prefeito, uma vez que, segundo ele, Nelson Urtado era o único integrante do “Grupo dos Sete” que poderia ser “trabalhado” para apoiar o grupo de vereadores fiéis ao executivo. “Agora - lamentou Molinari - a situação tornou-se irreversível”.
A prefeitura, no entanto, não nos foi possível ouvir, pois o Prefeito Fiore, procurado pela nossa reportagem, não foi encontrado bem como seus assessores, devido ao acúmulo de compromissos atinentes à municipalidade.
A crise entre os poderes, ainda mais aguda.
Com esse fato novo, a atual crise entre a Câmara e a Prefeitura parece ter tomado contornos definitivos. O “Grupo dos Sete” agora se consolida, tornando praticamente irreversível a situação de minoria do Prefeito, que deverá encontrar maior dificuldade na aprovação de seus projetos. Urtado, se não tinha, agora parece ter motivos de sobra para fazer oposição cerrada a Nelson Fiore.
Para os próximos dias se prevê a entrada de questões polêmicas na pauta política caieirense. Uma dela será a possível desativação da URCASA, através da revogação da Lei que criou a Companhia, como pretendem os vereadores do “Grupo dos Sete”. Tal lei, que certamente merecerá o veto do executivo, poderá colocar em situação delicada os vereadores fiéis ao Prefeito, como Pedro Graf Nunes que, depois de proclamar-se pela extinção da empresa durante a campanha eleitoral, na hipótese do veto, terá a oportunidade de demonstrar se prefere ser coerente com suas promessas ou com sua fidelidade ao Prefeito.
Dessa maneira, deverá confirmar-se, com a radicalização de posições entre os dois poderes em 86, a máxima já histórica no município de que, mesmo elegendo-se com maioria na Câmara, depois de algum tempo vê-se em palpos de aranha, com a criatura tornando-se contra o criador, e tendo que conviver com uma oposição cerrada do Legislativo.
Vereador pede licença
Afastado de sua função e isolado dos demais funcionários, o vereador Nelson Urtado pediu licença funcional da Prefeitura Municipal, sem vencimentos por seis meses, prorrogáveis até o final do mandato. “Parece que terei que prorrogá-la, pois se voltar a trabalhar – ironiza o vereador – sei que o farei na cela que o Fiore me destinou”.