Sem dúvida nenhuma, o assunto da semana em Caieiras, em se tratando de política, teria de ser a renuncia, o afastamento definitivo pedido pelo prefeito Gino Dártora, esta semana a Câmara Municipal, com o objetivo de candidatar-se a uma cadeira na Assembléia Legislativa, pelo partido do Governo.
Depois de 6 anos de mandato, quase completos, o prefeito, eleito pelo MDB, em 1976, mudou de partido e de lado, na reforma partidária, filiando-se ao PDS, sucedâneo da ARENA, colecionou processos de cassação, transformou amigos em inimigos, admiradores em adversários, provocou a fúria da imprensa, em certos momentos, e sua aproximação em outros.
Mesmo com essa folha de serviços, dono, no entanto na opinião de muitos de seus adversários até, de milhares de votos em qualquer eleição a se realizar em Caieiras.
Francisco Peres, por exemplo, diretor da Folha Regional, semanário de longevidade pouco inferior ao do governo Gino Dártora, trabalhou para a eleição de Gino Dártora à prefeitura de Caieiras, e pouco depois transformou-se em um de seus maiores inimigos, e fê-lo passar por fogo cerrado, durante quase toda a sua administração, acha que a renuncia do prefeito “foi excelente para o PDS”. Segundo Chico Peres, a saída do prefeito para candidatar-se a deputado não é mais que um ardil do PDS:
“A saída do prefeito – diz – vai ajudar o PDS, pois quer queira, quer não, ele terá no mínimo uns 2 mil votos, o que poderá decidir as eleições para o PDS – continua Peres. Por outro lado, a entrada do Lansac poderá trazer paz ao município – revela Francisco Peres – pois nosso ar estava bastante carregado, com muitas acusações ao prefeito, de má administração. Pondo alguém no lugar dele – conclui – o município igualmente deverá ganhar”.
Jorge Araújo, presidente do PDS local, é menos modesto ao contar os votos do renunciante. Segundo Jorge, “a renuncia do prefeito significa a vitória do PDS em novembro, pois – preconiza o presidente do PDS – ao menos 4.000 votos a candidatura dele a deputado trará ao partido”.
“Eu sou suspeito para falar”, diz Névio.
Névio Dártora, peemedebista e presidente da Câmara, além de sobrinho do prefeito Gino Dártora, é bem mais cauteloso ao falar sobre a renuncia do Tio. Para ele, “renuncia do prefeito é normal, pois ele irá candidatar-se a Deputado. Agora, se foi bom ou não – continua Névio – quem tem que julgar é a população, eu sou suspeito para falar”, sentenciou.
Era o julgamento do povo que o presidente da Câmara invocava, mas, se depender de um grupo de caieirenses, moradores no Centro da cidade inquirido pela nossa reportagem, o veredicto será um só: Culpado. Um rapaz, o mais corajoso, chegou a afirmar que “ele deveria ter renunciado há muito tempo”. Segundo ainda o rapaz, “esse homem” teria “barbarizado Caieiras durante 6 anos, e ninguém fez nada contra ele”.
“A renuncia me deixou bastante aliviado”
Já o ex-presidente do Partido Popular, Antonio Molinari, e histórico adversário do prefeito que renuncia, “a tensão diminuirá bastante em Caieiras, o que o deixará muito aliviado”.
As explicações para esse alívio, segundo Molinari, seriam que “os funcionários da prefeitura agora ficarão tranqüilos, sem temor de que a eles – continua – aconteça o que aconteceu ao Dr. Milton e a seu genro”.
O presidente da ACISC e candidato a prefeito pelo PTB, Edson Navarro, inquirido sobre a renuncia do prefeito preferiu não omitir opinião, alegando que o que dissesse poderia ser encarado como posição da ACISC, que é uma entidade apartidária: “prefiro guardar minhas opiniões para depois do dia 19, quando deixarei definitivamente a presidência da ACISC”.