Quem poderia imaginar que na pacata Caieiras, a CIDADE DOS PINHEIRAIS, a sua estação ferroviária, quase centenária, fosse inteiramente queimada e destruída? Mas foi, e aconteceu em novembro passado, um mês e ano que vão ficar para sempre na lembrança de todos.
O que dizer então das cenas de verdadeira guerra campal entre o povo e a polícia, com correrias pelas imediações da estação?
Alguns ainda relutam em acreditar que tenha acontecido, afinal, dizem, o povo caieirense sempre primou pela disciplina, por ser um povo ordeiro. Outros se espantam diante de tanta agressividade, de tanta violência. E todos queriam saber o porque dessa mudança brusca de comportamento. Mas, de qualquer maneira, tentou se esquecer rapidamente do acontecido, na esperança de que se apagasse rapidamente da memória.
Os constantes atrasos dos trens da rede ferroviária federal, a deterioração das composições, algumas com mais de trinta anos de uso, o aumento incessante do número de usuários, sem o respectivo acompanhamento por parte da Rede, acabam gerando uma tensão traumatizante. A quebra de uma máquina e a demora conseqüente, foram o motivo do “quebra”, que se materializou ao primeiro grito. Alguns, mais imaginosos insinuaram a presença de um senhor de paletó marrom, que teria insuflado o povo.
Uma constatação se pode fazer: o desrespeito da Estrada com o usuário é muito grande, o atendimento é ruim. Mas isso explica a situação?
Na verdade, há uma questão bem mais angustiante, que Caieiras e as cidades circunvizinhas começam a sentir que é o aumento dos desempregados, e o medo dos que tem um emprego em perdê-lo. Tudo isso causa na massa de trabalhadores um mal estar constante, onde um atraso pode se transformar em grande tragédia.
Caieiras, especificamente, é uma cidade que prima, até o momento, em dar empregos à maioria de seus cidadãos, ao contrário das cidades vizinhas que se transformam cada vez mais em cidades dormitório. Com a demanda de empregos em Caieiras, como em todo o país em geral, tende a diminuir – e já se sabe que há dispensas em empregados em nossa cidade – a tensão tende a aumentar.
Sabemos que as soluções não são fáceis, que é a crise muito maior e mais duradoura do que se imaginava, mas também se sabe que é necessário se pensar rapidamente, para que fatos como esse não voltem a ocorrer. Para que Caieiras volte a ser a tranqüila CIDADE DOS PINHEIRAIS que sempre foi.