O FMI (Fundo Monetário Internacional) não possui a importância que se dá a ele. Nos seus quarenta anos de existência em nenhum momento teve ação decisiva na solução das grandes crises financeiras internacionais.
Na reconstrução da Europa do pós-guerra, nos anos sessenta quando da grave crise de liquidez internacional, quando o dólar deixou de ser escasso para se tornar abundante, sequer essa instituição foi olvida. Tampouco foi consultada quando o dólar desvinculou-se do padrão ouro em 1971.
Então por que essa importância atual? É simples: foi a forma encontrada pelo Governo dos Estados Unidos para intervir nos países endividados, dando apoio aos grandes bancos transnacionais, assim a instituição que foi criada para a cooperação internacional está servindo com instrumento de intervenção, simplesmente.
Ninguém ignora que o problema das dívidas externas é de origem de adequação das relações internacionais, assim só resta aos envolvidos dois tipos de solução: o acordo ou o confronto.
O Brasil obviamente optou pelo acordo e capitulou ao FMI, não que essa fosse a melhor solução, mas no momento era a única disponível. O outro lado, caso não houvesse o acordo, seria a retaliação do País no mercado financeiro internacional com todas as conseqüências imagináveis.
Entretanto, esse posicionamento teve um preço elevado que foi a desaceleração econômica, o ajustamento interno levando ao povo mais miséria do que já tinha, pois a dívida tem que ser paga aos grandes bancos internacionais, não importando quantos vão morrer de fome.
Mas como a corda não pode ser esticada indefinidamente, a outra opção, o confronto, começa a se esboçar com a atitude de vários governos latino-americanos, inclusive o Brasil protestando contra a situação, primeiro foi a reunião em Londres e depois Cartagena. A confrontação começa a ser imposta pelos credores, pois a política de transferir o ajustamento das relações financeiras internacionais para os mais fracos não pode ir muito longe e afinal os credores possuem apenas uma grande massa de papéis que se funda em simples ficção contábil.