Espantosa a velocidade com que se desmata as áreas verdes para outro uso da terra que não o reflorestamento ou um uso mais racional. A culpa? Certamente do progresso que chegou célebre provocando a especulação de terras, outrora destinadas ao reflorestamento ou a matas naturais.
Caieiras separada pela reserva florestal da Cantareira de São Paulo, já foi um retrato diferente do das outras cidades da grande São Paulo. Há alguns anos mereceu o seguinte comentário do jornal “O Estado de São Paulo”... “Caieiras é uma das poucas cidades da área metropolitana que parece saber conciliar o crescimento econômico com o bem estar de sua população. Ela mantém o traçado regular, a aparência calma e a vida pacata das cidades do interior. Ao mesmo tempo mantém uma série de serviços que são pouco comuns ou menos eficientes nas outras cidades: 90% de sua população é servida por rede de água, não faltam escolas para as crianças...” Nessa mesma reportagem o então prefeito Padre José César declarava: “Não queremos que Caieiras se torne um município industrial. Queremos que ela continue uma cidade tranqüila, com a preservação de sua vida comunitária...”
Quem reconheceria esse retrato de Caieiras hoje? Com sua exígua área retalhada em loteamentos – problemas, com a maciça migração de trabalhadores que reclamam constantemente de condições mínimas de sobrevivência, de moradia, afinal não vieram morar na cidade onde panfletos prometiam todo tipo de infra-estrutura?
Promessas, por trás a especulação imobiliária fomentada pelo poder político dominante. Loteamentos políticos em áreas onde a terra só tem condições de ser vendida por metro cúbico proliferam abertamente, mesmo no parque industrial araucária a erosão se encarregou de aniquilar uma boa parte do loteamento.
A única reflorestadora da região vem loteando sistematicamente suas terras, alegando que o alto custo da terra torna viável o seu uso para plantio, além de se tornar cada vez mais difícil à manutenção das florestas, tanto são as invasões e depredações, assim vende em Caieiras e compra em outro lugar mais seguro.
Quem perde com essa troca são os caieirenses, mas quem se lembra quando derrubar uma árvore sem que outra plantada era terminantemente proibido? Ninguém.
No futuro, quem sabe restarão algumas fotografias de um vale de pinheirais, verde, muito verde, e talvez alguma placa dizendo: “Aqui existiu uma grande floresta plantada por imigrantes alemães através de milhares de trabalhadores anônimos, e tinham em comum o amor pelo que faziam, e nós os posteros, os homens do futuro, nada entendemos e omissos a destruirmos”.