A História de Caieiras através dos homens que a construíram
ANTON HEINRICH RACHEL, nascido a 15 de abril de 1903, em Muhlhausen, cidade perto de Heidelberg, na Alemanha Ocidental, e falecido a 09 de novembro de 1983, em Caieiras.
Anton cursou a Real Schulle, onde formou-se em eletro-mecânica com 17 anos de idade. Cursou ainda licenciatura em matemática na escola de Kalsruhe, embora não a tenha concluído, pois viajou para a Argentina, onde trabalhou na montagem do frigorífico “Armour”.
Em 1922 chegou ao Brasil, trabalhando na Cia. Docas de Santos, em sua usina de energia elétrica. Em maio de 1926 voltou para a Alemanha, onde não suportou o intenso frio, de que se desacostumara. Retornou ao Brasil, na mesma Cia. Docas, onde fica até 1943, na direção da usina de energia elétrica. Durante esse tempo tem oportunidade de ensinar e alfabetizar seus operários, deixando nessa passagem grandes amigos como o Maneco Germano, seu ajudante principal, a quem confiou a direção da usina.
Forçado a sair do litoral por causa da guerra (não se permite à presença de imigrantes de países do “eixo” no litoral), veio para Caieiras em 1943. Ainda em Santos, casou-se, em 1934 com Elza Laier, cujas famílias já se conheciam na Alemanha, mas que Anton só veio a conhecer aqui no Brasil, por intermédio de amigos comuns que se encarregaram de apresentar o “chucrute” à “chucrutinha”. Do casamento nasceram quatro filhos: Henrich Joseph Rachel (nascido em Santos), Willy Henrich Rachel (nascido em Itatinga), Helga Rachel e Gloria Rachel (em Caieiras) e mais Tony D. Rachel, adotado como filho pelo casal. Dos filhos, só Henrich e Tony moram em Caieiras, já que os demais moram na Alemanha.
Anton começou a trabalhar na Cia. Melhoramentos em 1943, só saindo em 1972, aposentado, tendo sido chefe da seção elétrica durante todos esses anos, conforme atestam amigos e companheiros de trabalho. Sempre agiu com extrema justiça, certificada por passagens como aquela em que trabalhou 28 horas seguidas para consertar um painel eletrônico que o Sr. Cairoli havia desmontado e não sabia montar. Há ainda o caso da compra de um cavalo do Sr. Pastro, com apertos de mãos e tudo mais, e que no dia seguinte nenhum dos dois se lembrava, pois o negócio havia se realizado no bar do Clube Recreativo Melhoramentos.
Anton morou 29 anos na Vila Nova, dentro da fábrica de papel da Cia. Melhoramentos, tendo assimilado totalmente a cultura e os costumes de seu povo adotivo. Henrich, seu filho, conta que ele tinha um compadre “do coração”, o Sr. Coradini, com quem muito conviveu. Afinal, diz Henrich, “quem não se lembra do fusca vermelho dirigido por minha mãe com meu pai do lado?”
ANTON H. RACHEL representa um, dos milhões de imigrantes que ajudaram e continuam ajudando a construir um Brasil grande. Trouxe para nós seus conhecimentos, sua fé na nova terra, deixando um exemplo vivo para a posteridade.
A homenagem que ora prestamos a Anton estende-se a todos os que imigraram e aqui fixaram suas raízes.