Os contemplados seriam escolhidos por candidatos à reeleição
A denúncia de que 227 casas populares construídas pela Secretaria Estadual de Habilitação, estariam sendo distribuídas em troca de votos, começou a ser investigada ontem pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) formada na Câmara de Caieiras. A primeira providência da CPI foi solicitar ao oficial do Cartório de Registro de Imóveis de Franco da Rocha, Aparecido Alves Medeiros, os registros das casas e do terreno onde foram construídas. Medeiros informou que, até o momento, nem o terreno, nem as unidades habitacionais foram registrados. Sem esse registro, as casas populares não podem ser vendidas.
“Já podemos perceber que alguma coisa cheira mal nessa história das casinhas”, disse o presidente da CPI, vereador Milton Valbuza Silveira (PST).
Segundo moradores inscritos no plano habitacional e que não receberam a confirmação de que receberão uma casa algumas pessoas estão sendo beneficiadas pela vereadora e candidata à reeleição pelo PMDB Afdóquia Chaib Ferreira Neves. Mulher do prefeito Milton Ferreira Neves (PMDB), Doca, como é conhecida, e sua filha Isaura Ferreira Neves Pereira, diretora administrativa da prefeitura e representante da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) em Caieiras, e o candidato a prefeito e vereador Névio Luiz Aranha Dártora (PMDB) seriam os responsáveis pelas irregularidades.
Ameaças
O próximo passo da comissão será entrar em contato com o presidente da CDHU. Fernando Maria Braganholo. A CPI quer saber quais foram os critérios para a escolha dos contemplados com as 227 casas em Caieiras.
Segundo moradores da cidade, as denúncias provocaram a reação dos acusados, que estariam fazendo ameaças de represálias. Lúcia Margarida Rosa registrou boletim de ocorrência na delegacia de Franco da Rocha, queixando-se do vereador e candidato a prefeito Névio Luiz Aranha Dártora. “Ele me disse que estava de posse da carta que me indicava como contemplada com uma das casas populares, mas porque eu estava apoiando outro candidato, ele não me entregaria a casa”, contou Lúcia.
Na sexta-feira, o prefeito Milton Ferreira Neves revogou, por decreto, a aposentadoria do vereador e ex-funcionário da prefeitura Aparecido Correa de Campos (PST) e o convocou para trabalhar já na segunda-feira. Por ser candidato à reeleição, Campos não pode ser convocado. “Dá para perceber nitidamente o desespero do prefeito”, disse o vereador. Na cidade comentava-se ontem que, caso não cesse as denúncias, será cortada a ajuda dada pelo Fundo Social de Solidariedade, administrado pela mulher do prefeito.