07/04/2015
Um brinde à ociosidade

O tempo passa e o tempo não espera. Talvez em função deste pensamento a maioria das pessoas opta por estar sempre correndo, fazendo coisas e se agitando. Não fazer nada se transformou numa praga que assusta e que atemoriza pobres mortais. Assisti um debate  com a participação da  Psicóloga Roseli Sayão, onde o tema “ociosidade”  foi discutido de forma bem interessante. Falou-se do quanto  o mundo moderno vem  contribuindo para  que as pessoas se tornem cada vez mais  agitadas. Todos querem estar sempre fazendo alguma coisa, correndo de um lado para outro e resolvendo coisas. Parece que o ser normal é aquele que está permanentemente estressado, movimentando-se e numa busca constante por ocupações. Tornou-se extremamente  necessário viajar com frequência, sair aos finais de semana ou instalar-se rotineiramente em badalações sociais. Tudo vale desde que as atividades metabolizem  o veneno invisível da  insatisfação íntima ou que, pelo menos,  amenizem as angústias do cotidiano. As pessoas  passaram a evitar a solidão e por isso fogem até,  daquela ociosidade saudável que as  levariam a uma companhia ,extremamente rica, consigo mesmas. Correm, correm, dormem mal, comem apressadamente, riem cautelosamente, desgastam-se desnecessariamente  e morrem lentamente. Nem percebem, mas morrem... Em doses homeopáticas.
Mas, porque não dão uma trégua  e se entregam  às delícias da ociosidade? Não a ociosidade doentia, escorada  na preguiça, no desinteresse  por melhores  condições de vida. Esta realmente  é destrutiva. Falo da ociosidade amiga, relaxante, companheira e que também  é criativa. Falo da ociosidade saudável,  que energiza , que  revigora  e que nos desperta para nós mesmos, para nossas verdades e para nosso autoconhecimento. Falo da ociosidade que acalma,  reestabelece e que renova as células e o espírito.
Porque tenho que correr feito uma louca o dia inteiro para me sentir viva e útil? Porque tenho que estar no tumulto diário para provar que ainda sou participativa? Porque tenho que  me aniquilar esgotando  minha resistência física e mental para garantir meu lugar no mundo contemporâneo? Ausência de amor próprio? Necessidade de sentir-se importante?
Estou fora disto! Quero não fazer nada! Sempre que possível quero fechar os olhos num canto silencioso da minha casa e... Nada pensar, nada fazer. Quero ler calmamente os textos, as notícias que me interessam. Quero dormir muito e quero acordar sem ter que marcar cartão de ponto em qualquer lugar que seja. Quero sair e voltar nos horários que bem me convier sem ter que me culpar por ter abandonado outras tarefas diárias. Quero brindar a ociosidade!
Posso é claro! A aposentadoria traz esta vantagem. Mas creio que mesmo aqueles, que ainda exerçam suas tarefas profissionais, devam com mais frequência se entregar a este deleite: O de nada fazer. Parar, desacelerar, diminuir o ritmo, entregar-se ao sossego   pode ser extremamente saudável. Voltar à realidade depois de um inebriante brinde ao ócio pode despertar nossa grande energia, força e capacidade para realizar grandes e novos  feitos.
Brindemos a ociosidade, sem culpas, sem preconceitos e sem temores! Afinal ninguém é de ferro! Correr demais pode um dia nos fazer tropeçar. Aí  o brinde será proibido e só remédios transbordarão as taças tão frágeis  de nossa existência.
Saúde a todos!

Fatima Chiati

www.fatimachiati.com.br

 



Leia outras matérias desta seção
 » A Semana Santa na Vila Leão
 » Religiosidade e religião de amor
 » Caminhar é preciso
 » Recordações da Av. dos Estudantes
 » Os gênios do Colégio Walter Weiszflog
 » Fragilidades de todos nós
 » As mentiras na Internet
 » Reverências aos nossos amores
 » O amor fora do ar
 » Amor, política e relacionamentos
 » As históricas enchentes de Caieiras
 » Homenagem às mulheres
 » Algo mais
 » Trégua de Natal
 » Atitudes de autoajuda
 » O dia de finados
 » Mãe é aquela que cria
 » A internet não esquece
 » Capelinha da Vila Leão
 » Benzedeiros e benzeduras
 » Casa de mãe
 » Uma luz no fim do túnel
 » Um Diário para Sophia
 » Um brinde à ociosidade
 » A carteira perdida
 » A fonte luminosa
 » Brincando pelos tempos
 » Lembranças de Natal
 » O poço artesiano do hospital
 » A lata de botões
 » O Tatu embalsamado
 » A gaveta da cômoda
 » As artesãs da minha vida
 » O antigo Correio de Caieiras
 » Medo do escuro
 » Reencontro com o passado
 » O Baú da vida
 » Um Circo em Caieiras
 » reflexões de final de ano
 » Parque de diversões em Caieiras
 » A Loja da Fonsina
 » Pirulitos de Guarda Chuva
 » O caminhão pau de arara
 » Duelo entre patrões e empregados
 » A Mestra com carinho
 » Os bons tempos da Pharmacia
 » O sorveteiro da Vila Leão
 » Jovens Tardes de Domingo, o "Clubinho"
 » A internet à beira do caos
 » Mulheres maravilhosas
 » Natal numa casa da Rua Guadalajara
 » Brincadeiras na rua 4
 » Viagem de trem, sofrimento e saudades
 » A vida é uma novela
 » Essa tal felicidade
 » Amizades verdadeiras
 » Teorias sobre o amor verdadeiro
 » O dia 7 de Setembro
 » De bem com a vida
 » O Colégio Walter Weiszflog
 » O Armazém da Fábrica
 » A verdadeira face da aposentadoria
 » O preço da beleza
 » Os filhos na planilha financeira
 » A Segunda dança no Salão Nobre .
 » O Jardim de Infância em 1963.
 » Os Jardins da Vila Leão .
 » A ÁRVORE QUE CHORA.
 » A Rua da Bomba .
 » O quartinho mal assombrado do Grupo Escolar .
 » Semana Santa na Vila Leão .
 » A cadeira com presentes !!!
 » O campinho da Vila Leão .
 » O Salão Nobre da Fábrica .
 » Tributo a uma grande mulher .
 » A cesta de Natal .
 » Almoço de domingo na Vila Leão .
 » O vendedor de sandálias havaianas .
 » Um carnaval no Salão Nobre .
 » A primeira dança no Salão Nobre .
 » O conserto da televisão .
 » Obras de arte em telas de arame.
 » Banho de Bacia na Vila Leão.
 » Os cinemas da Lapa
 » Dia dos namorados
 » Corpus Christi
 » Xuxa e sua volta ao Trono
 » As festas de Santo Antonio
 » O Banheiro da Estação
 » Veteranos da Emed
 » O amor no novo milênio.
 » Terceira idade, os exageros.
 » O luxo da reciclagem.
 » As festas de fim de ano .
 » Alcoolismo e juventude.
 » Sua majestade o celular .
 » O Brasil na chuva e na lama .
 » A sacolagem no meio ambiente .
 » A hipocrisia ao alcance de todos.
 » O Universo Pet.
 » Indignação.
 » A Rocinha em cena .
 » A generosidade no Natal.
 » O trânsito nosso de cada dia .
 » Ano novo , tudo velho .
 » A dificil trajetória de um pai .
 » Triste Realidade.
 » Os ídolos em nossas vidas.
 » Bulling em dois tempos.
 » A Morte santifica .
 » Abençoados os vizinhos de ontem !!!
 » A Semana Santa na Vila Leão
 » As famílias e a TV
 » Nas rodas da Bicicleta
 » Fazendo as pazes com o passado

Voltar