Muito se fala sobre o amor verdadeiro. Nas redes sociais, nas revistas, livros, nos filmes e em toda parte surgem os especialistas, os profetas e filósofos explanando sobre a difícil arte de amar. Todos se empenham numa definição impondo injustamente, teorias, estigmatizando-se emoções ou editando-se máximas excessivamente racionalistas.
Mas quem pode falar do amor verdadeiro senão aquele que o sentiu? Quem pode medir sua grandiosidade senão aquele que o vivenciou? E quem pode afirmar que algum amor, é ou não, verdadeiro?
Não imagino um amor de mentirinha ou baseado em regras padronizadas. Acredito sim, em amores nascidos da paixão construída no dia a dia e vivida em sua totalidade. Acredito em amores plenos que, curtos ou longos, são saboreados ao extremo, em sua magnitude, traduzindo o melhor e o mais grandioso sentimento que alguém pode provar.
Como pode um amor não ser verdadeiro? Sentimentos de afeto não surgem por representação e muito menos por casualidade. Sentimentos desta nobreza só brotam em almas especiais. Só florescem em corações generosos. Como não serem verdadeiros!
Amor será sempre amor. Forte, passional, ameno, equilibrado, intenso e cheio de verdade. Uma verdade íntima, pessoal, e única de quem jamais deve ser julgado.
Não há falsidade na forma de amar. Ama-se até com a insensatez, tropeçando-se em falhas, pecados, erros e desvios. Ama-se cometendo enganos e se desejando acertar. Ama-se por felicidade em amar. Ama-se sem razões aparentemente explicáveis.
Mas se todo amor é ou transforma-se em verdadeiro, porque definha , se rende, fracassa, se perde e se esgota?
Será talvez, porque amor verdadeiro não combina com silêncios emocionais ou com expectativas inúteis? Ou porque não consiga administrar ausências, falta de magia, falta de projetos? Ou porque não aceita acomodação, nem bocejos de insatisfação? Ou ainda, porque não se venda a conveniências práticas e pessoais? Ou finalmente... Porque até ele, o amor, é como a vida inexorável e como o tempo cruel, estipulador de prazos e validades? Pode ser...
A única certeza que se tem é que, quando termina, deixa em evidência a sua fragilidade diante da falta de cuidados permanentes. Quando se esgota, expõe a sua impotência em retomar do ponto zero. E que, quando se rende, aceita que o melhor é se despedir, sair de cena e abandonar o palco de suas próprias ilusões.
É... Amor verdadeiro também se nutre de grandes vontades, é exigente, pede tudo, pede afago, convivência, brilho nos olhos, riso constante e não se abastece de comodismos. Precisa muito de laços atados, de compromisso e de estabilidade alimentada sempre por reconquistas diárias.
Amor verdadeiro não sobrevive por escoramento e subsídio material. Amor verdadeiro somente se apoia em manutenção de sonhos e planos sempre partilhados e trafegados numa mesma estrada, numa mesma direção e num mesmo objetivo.
Se não for assim se perde, se consome e se afoga em mágoas e frustrações. Se não for assim, entristece, adoece, fenece e morre no amargo e ingrato trajeto do descuido e da desatenção que, a própria vida acabou provocando.
FATIMA CHIATI