“Nem sempre ficamos com os amores de nossas vidas”. Li esta frase em um texto de um Blog bastante interessante (Jafoste.Net), que tratava sobre o agradecimento aos amores que não permaneceram ao nosso lado. Foi com esta leitura suave e delicada que refleti sobre o quanto estamos despreparados a administrar sofrimentos e desencantos.
Desde a infância somos treinados a enaltecer vitórias, sejam elas, profissionais, pessoais ou amorosas e, na fase adulta, alimentamos a maior aversão aos nossos insucessos sentimentais. A menor desilusão nesta área nos traumatiza por anos a fio. Na adolescência também não aceitamos a rejeição afetiva e todo relacionamento mal sucedido acaba gerando um “ex amor” eternamente crucificado em nossos corações feridos.
Raramente, ou quase nunca, somos estimulados a reverenciar nossas perdas, nossos fracassos, nossas desilusões e nossos amores perdidos. Apenas nos condicionam a priorizar conquistas. Apenas nos catequizam a discursar sobre nossos grandes feitos.
Felizmente o tempo passa e a maturidade acaba nos mostrando o quanto foram ultrapassados alguns conceitos que regeram nosso comportamento afetivo. Sabiamente concluímos que rancores, simplesmente, nos cerceiam de novas realizações. Sabiamente enxergamos que, como em um quebra- cabeças, cada peça de nossa história sempre acaba se encaixando, se completando e alinhando cada pedacinho de alegria, tristeza, riso, lágrimas, ganhos e perdas. E aí, descobrimos que é possível sair inteiro, apesar de algumas frustrações de um passado mal resolvido.
Assim, mudamos pensamentos para uma nova fase com novos cenários e novas experiências. É quando então, visualizamos a possibilidade do recomeço. É quando então, surgem os questionamentos sobre mágoas e sobre amores que tanto marcaram. É então, que descobrimos o óbvio: Nem sempre um amor supera e triunfa sobre tudo. Nem sempre um amor realiza tudo, nos preenche ou nos liberta de tudo. Às vezes deixar partir pode ser a única salvação, como escreve Heide Priebe no Blog citado.
Como a vida sempre ensina, passamos a compreender que, aquele amor interrompido, acima de qualquer coisa, não merece ser desqualificado, pois os amores são assim mesmo. Muitas vezes não permanecem e não ficam apesar dos encantamentos que provocam. Duram o tempo necessário apenas para nos transformar. Partem na hora exata para nos fazer reagir e perseverar. E acabam quando já não se sustentam mais.
Mas e daí? Devem ser profanados e malfadados ao desprezo? Claro que não!!!
Devem, na verdade, receber as mais lindas e carinhosas reverências. Afinal, nos provocaram crescimento e nos impulsionaram aos mais altos e belos voos.
Agradeçamos, portanto, estes nossos amores perdidos! Por terem despertado o melhor de nós. Agradeçamos o simples fato de terem existido. Afinal, os amores são e serão sempre a maior benção!
FATIMA CHIATI