Até o ano de 1968, os cursos ginasial e colegial aconteciam à noite, no Grupo Escolar Otto Weiszflog e na escola velha, em frente ao antigo armazém da Cia. Melhoramentos.
Mas em 1.969 a construção, do Colégio Estadual Walter Weiszflog, na Avenida dos Estudantes, mudou rumos de todos os jovens da época.
Aquele prédio novo, suntuoso e moderno fez brilhar nossos olhos ávidos de sonhos e conquistas. Tudo nele nos estimulava, desde escadaria que levava ao pátio principal. Convidativa, imponente e ao mesmo tempo assustadora, nos revelava um universo totalmente desconhecido.
O pátio imenso, acomodava os bancos, sanitários, vestiários com lavatórios azulejados, cantina e acesso ao subsolo e quadra de esportes. Aos fundos do prédio, eucaliptos, pinheiros e árvores completavam a beleza do estabelecimento.
Do pátio principal, com um lance de mais ou menos cinco degraus atingia-se um patamar largo e plano onde, em dias festivos e comemorativos, se posicionavam as autoridades, os professores e a Diretoria da escola. Mais adiante, a Biblioteca e numa das laterais, um corredor delimitando o espaço acomodava a sala do diretor, a sala dos professores, copa, e outras dependências de uso exclusivo do corpo docente. Com mais dois lances de escada, situados nas duas extremidades deste corredor, se chegava ao andar superior onde estavam as salas de aula, o anfiteatro, e o laboratório. Tudo novo, bonito, bem projetado, cercado de jardins, plantas, gramas, assoalho nas salas, carteiras novas em madeira e uma lousa verde ocupando toda extensão da parede frontal. Contamos minutos para o início do ano letivo.
O primeiro dia de aula não deixou de ser histórico. Relações com nomes de todos os alunos e suas respectivas turmas foram fixadas nas paredes do pátio. Em seguida fomos colocados em filas separadas por classes (2ª A, 2ªB, 3ª A, 3ª B, etc...) onde fomos chamados, um a um, para ocuparmos nossos lugares no pavimento superior. Dia após dia, conhecíamos os nossos mestres magníficos: Maria Antonia Granville de Português, Rita de Literatura, Hugo de Francês, Cleide e Paulão de Inglês, Zilton Bicudo de Matemática, Sonia de Geografia, Antonio Maia Massaia ( o Tatão) de Gramática, Carlos ( o moranguinho) de Biologia, Wellington de Química, Otair de Física, Jesuino Leite de História ( depois Diretor) e outros mais como: Tomiê Sato, Inailda Bicudo, Ioê, Conceição, Celina, Vani.
Também importantes, foram os funcionários administrativos: Sr. Geraldo, com o apito de “cordinha”, dando bronca pelo pátio, exigindo bom comportamento, Enedina Pavan e Lilda Guilharducci, secretárias que, com a mesma paciência das mães nos davam assistência e orientações, o “Dú”, servente faz de tudo, com sua casa bonitinha do lado esquerdo , em frente ao segundo anexo da escola. Foram pessoas singulares, especiais e extremamente valiosas em nossa formação escolar.
Neste ambiente de instrução, diversão e amizade, criamos vínculos tão fortes que, até hoje me fazem lembrar de amigos tão queridos como: Lia de Cassia Silveira, Magali Fonseca, Ana Luiza Simonetto, Iliana Flores Dias, Rosangela Cristina Faltus, Helena Rizardi, Nelia Paula Barsotti, Magda Vania Crema, Esther Selmer Sueli Teixeira, Roseli Gaspar, Márcia Dártora, Isaurinha Berti, Isaura Claudia Silveira, Regina Borsi, , as Fatimas ( Rosolen, Teixeira e Bento), Leila Concheta Cyriaco, Miriam Beltrame, Maria do Carmo Rodrigues, Vanda Mendes, Sonia Torres , Sonia Lopes, Marina Sato, Nivaldo Paulon, Gilberto Pilon, Carlos Canner, Sérgio Siqueira , os irmãos Marco Aurélio e Marco Antonio Pinheiro Lima, Norberto Araujo e o irmão Eduardo, Alfredo Pacheco, Reinaldo Bin Toigo, José Luiz de Abreu, Luiz Carlos( o Zamba), Manfred Mayer, Saulo Jarussi, Ronaldo Vinci, Luiz Antonio de Paula Nunes, e muitos, muitos mais.
Como esquecer? Permanecem em minha memória como se o tempo não tivesse passado e como se a vida e acontecimentos não tivessem nos afastado ou nos tirado daquele local, marcado por estudantes bons, contestadores, irreverentes e únicos .
Conforto-me apenas, imaginando que, em algum lugar, eles também estejam a recordar, dos amigos, dos ensinamentos, da disciplina, das regras e da rigidez que traçaram de alguma forma destinos e vidas, numa época tão idílica.
O Colégio Walter Weiszflog, infelizmente, não é o mesmo. Já não possui a mesma imponência e nem a suntuosidade das décadas de 60 e 70. Apenas, resiste e permanece, apesar de maltratado, pelo tempo, pela sociedade indiferente e pelo esgotamento de suas principais ideologias de outrora.
A nós remanescentes daquela turma de 1.969, predomina , é claro, a saudade carregada de gratidão eterna , pelo acolhimento e por tudo que se aprendeu e vivenciou num colégio que, só nos ofereceu as melhores lições da vida.
FATIMA CHIATI
Comentários:
Fátima Parabéns, você consegue me fazer voltar no tempo, não consegui parar
de ler, e cada linha me transportava para aquele tempo, onde não tínhamos
problemas, e o nosso deslumbramento da vida era único. Adoro seus artigos um
beijão. Iracema Torres
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Fátima, Que delícia ... Como é bom recordar esses detalhes daquela época. Mais uma vez, PARABÉNS pelo retrato fiel. Bj. Sérgio Siqueira
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