Não poderia se diferente. Como nos anos anteriores as expectativas de prosperidade e realizações dominam os corações humanos. Em função disto, mais uma vez, repetiremos os comportamentos, repetiremos as frases tradicionais e repetiremos nossa postura diante do ano que termina. Em respeito às tradições, enfeitaremos nossas casas, compraremos presentes, enviaremos correspondências e prepararemos a ceia. Faremos dívidas, crediários, mudaremos o visual e, temporariamente, iremos apagar os maus pensamentos do nosso cérebro. Perdoaremos, seremos perdoados, faremos promessas aos outros, a nós mesmos e tudo, neste interessante período festivo, se transformará em doces momentos mágicos. Correremos às compras, aos supermercados. Penduraremos lâmpadas e acenderemos velas. Seremos mais solidários, faremos mais caridade e por curto tempo esqueceremos nossas culpas, nossas angústias, nossos fracassos e até alguns dos problemas mundiais. A situação ecológica do planeta será engavetada. A corrupção governamental será empurrada para debaixo do tapete e “um mar de rosas” invadirá nossa vida e nosso cotidiano. A inflação em alta será sufocada, os juros elevados perderão significado e o crescimento econômico desacelerado dormirá em berço esplêndido. O tempo é de festa, muita cerveja, muita comida e muita alegria e isto sim será o ingrediente mais importante à nossa mesa. Como nos anos anteriores seremos dominados pelos sentimentos mais nobres, faremos mais orações, vestiremos uma criança pobre, e daremos “caixinhas” de “bom princípio” a quem pedir. Estaremos dominados pelo calor humano e, cheios de entusiasmo por um novo ciclo que se prepara para nascer.
Alguns acreditarão mais, terão mais esperanças. Outros permanecerão no marasmo. E muitos, muitos, felizmente, se determinarão a alguma coisa real. Em nenhum instante iremos admitir que, tudo é sempre igual e que, até mesmo, as filosóficas reflexões serão sempre as mesmas. Faz parte do homem, agir desta forma. Faz parte das comemorações, alimentar o entusiasmo, o positivismo e a fé no que ainda está por vir. Talvez porque, se entusiasmar com o novo seja mais fácil do que modificar o que já existe. Somos peritos nesta tarefa de repensar a vida, de refazer planos constantemente e de sonhar até com o impossível. Somos especialistas em ponderações sobre a nossa difícil e árdua condição terrestre.
Sei que não sou diferente da maioria. Também sigo tradições. Igualmente a todos, refletirei sobre a minha vida durante ano que finda, pensarei sobre as alegrias experimentadas, sobre os sonhos realizados, sobre as desilusões enfrentadas, sobre as conquistas, sobre as decepções, sobre as perdas e acima de tudo sobre os ganhos, que também foram muitos. Concluirei que, também devo seguir o embalo e acompanhar fluxo da maioria das pessoas. Faço parte da imperfeita raça humana.
O que fazer? Reflexões somente não bastam. Talvez mudar de atitudes baseando-se no sentido maior do Natal, no exercício constante do amor, da generosidade e da humildade. Isto sim, seria mais nobre, mais consistente e magnânimo... O resto? Pura e passageira euforia...
Feliz Natal! Feliz Ano Novo! Com profundas reflexões a todos!!!
Fatima Chiati.