Depois dos 50 anos, gostamos de recordar situações agradáveis.Hoje vou falar dos meus passeios pelo bairro da Lapa-S.P,costume comum aos caieirenses e tantos remanescentes da década de 60.Descobri isso, conversando com Dorival A.Oliveira ,um pintor de residências e morador daquela região.Hoje trabalhando em minha casa, me revelou fatos interessantes sobre o bairro nos anos dourados.Contou-me que naquela época, a Lapa era badaladíssima pelo comércio abundante , diversificado e também pelas suas opções de lazer.A Lapa era o centro da diversão,das compras, da paquera e dos namoros no escurinho do cinema.Salas de cinema portanto, não faltaram para tal objetivo.
Na Rua Clélia por exemplo, onde depois funcionou o Olímpia, existia segundo ele, o Cine Nacional. Ali o filme famoso “ Dio Come Te amo” ,sem esforço, arrancou rios de lágrimas de muitas mulheres apaixonadas. Já na Rua 12 de outubro, tinha o Cine Carlos Gomes, um cinema mais simples e menor que, depois foi ocupado pelas Lojas Americanas.Na Rua Roma, existia o Cine Tropical e na Rua Gavião Peixoto esquina com a Rua Mercedes havia o Cine Brasília cujo filme marcante foi ” Os reis do iê-iê-iê” com os Beatles.
Aos sábados e domingos tinha a matinê das 14 horas.Nos dias de semana as sessões tinham início às 18 horas e já na entrada,depois da bilheteria, dropes Dulcora , pastilhas Mentex e o chocolate Diamante Negro eram vendidos em toneladas, para adocicar lábios e perfumar hálitos dos maiores beijoqueiros daquele tempo.
A sala de exibição era exuberante, acarpetada, com elegantes poltronas e com uma cortina preta na porta de acesso, bloqueando assim a claridade de fora.Para não fugir à regra sempre existiu um distraído ou atrasado que esquecia de fechá-la e aí, só gritaria e assobios resolviam o problema. Existia também , “o lanterninha” para acompanhar as pessoas até as poltronas.Na escuridão total,lá vinha ele, iluminando o chão com um enorme farolete e assustando sempre algum casal no mais envolvente namoro.Mas, num determinado fechava-se a sinistra cortina e a sessão era iniciada no mais absoluto silêncio.
Antes da exibição de cada filme, havia um noticiário rápido,com um resumo dos acontecimentos importantes do país.O programa chamava-se “Canal 100” e era apresentado por Cid Moreira, bem jovem e de cabelos escuros. Depois vinham os trailers de outros filmes em lançamento nos demais cinemas de São Paulo.Filmes como “Roberto Carlos em ritmo de aventura”, “Os 10 mandamentos”, “ El Cid”, “ O dólar furado”, “ Dr.Jivago” foram sucessos de bilheteria e para assisti-los enfrentava-se filas que dobravam esquinas.O hábito de se namorar nos cinemas perdurou por muito tempo e beijos rolaram motivados pelo clima de romantismo que dominava as grandes produções da época.
Depois do cinema, passeava-se pela Rua 12 de Outubro.Admirar vitrines das lojas Rivo, Ducal, Lojas Alegria, Casas Guimarães, Eletroradiobras, era “ o máximo”.Em época de Natal então, tudo era simplesmente um esplendor ,com Papai Noel nas calçadas, bolas coloridas de vidro, pingentes, música e todas aquelas luzes causando grande deslumbramento nos que por ali passavam.
Não havia multidão, camelôs, sujeira e muito menos a criminalidade de hoje.Para os freqüentadores aquilo representava um outro mundo, distante do real e da simplicidade de tempos ainda que, difíceis.
Ah! Como meus olhos brilharam ao andar pelas ruas da Lapa, naqueles belos anos dourados!
Foram anos em que valia a pena ir ao cinema pelas grandes produções.Valia mais ainda , pelo indescritível encantamento que aquilo tudo produzia em nós, moradores tão distantes das grandes metrópoles.Voltávamos para casa, recompensados, realizados e eufóricos por tanta beleza.
Hoje,já não temos mais os bons filmes e nem os cinemas de rua como aqueles dos anos 60.Passear também, pelas ruas da Lapa, além da nostalgia, dá tristeza.Namorar no escurinho do cinema então, virou conto da carochinha .E só quem viu, viveu ou passeou por lá há mais de 40 anos atrás,certamente,ainda se recorda e com razão sente também , muitas saudades.
FATIMA CHIATI
Comentários:
Jornal A Semana - Caieiras - CulturaComentário do Renato Marchesini
É FATIMA..................O TEMPO PASSOU E ESSAS DELÍCIAS SE FORAM IR AOS SÁBADOS NA LAPA FAZER UMAS COMPRINHAS E COMER PASTEL ,TAMBÉM ERA PROGRAMA DA ÉPOCA...................SÓ NO DIA DE PAGAMENTO,FÓRA DESSE DIA CADE A GRANA?.
QUANTO AOS NAMORINHOS ,BEIJINHOS TINHAMOS QUE SE CONTENTAR COM O CINE CAIEIRENSE OU O CINE SANTO ANTONIO NA CRECIUMA..............OS PAIS DAQUELE TEMPO NÃO DEIXAVAM IR MUITO LONGE POR EXEMPLO NA LAPA rsrsrsr ..........NO MAXIMO ERA IR ATÉ FRANCO DA ROCHA NO CINE SÃO JOÃO OU NO CINE MARAJÁ ..........ERA MUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIITO BOM. DURANTE A SEMANA TINHAMOS NO C.R.M. O CINEMA DO SESI QUE ERA DE GRAÇA. O SR. CEZAR CONSTANTINI ERA O PILOTO DA MÁQUINA.
UM ABRAÇO RENATO
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Li com bastante atenção e saudades, as duas recentes crônicas, sobre o bairro da Lapa e também a do Banheiro da Estação. Que descrição incrivel, parece que ainda existe, nos tráz muitas boas lembranças de infância.
Abç Chico (Francisco Freitas)
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Jornal A Semana - Caieiras - CulturaCOMENTÁRIO DO NILSON RODRIGUES
Cinema bom mesmo era o do João Cuica, perto da igreja em Caieiras...
(Toda seção de cinema nós éramos expulsos...vida dura...)
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COMENTÁRIO DE ALFREDO ASSONI
Fátima cavocou legal nessa agora .
Meus olhos marejaram . Qta história , qtas lembranças .......Lapa .........R Cincinato Pamponet , R Afonso Sardinha , polo comercial da região .......... .
Joguei ( apanhei ) muito Snooker em cima do Cine Carlos Gomes ( hoje Lojas Americanas ) ; Eu trabalhava na Siemens na Lapa de baixo , sem numero , fundos e a Lapa por quase uma década frequentei a Boca ,tomando cervejinha , degustando calabresa frita e batendo papo com os chegados. .
Onde estão Nestor Lisa , Simão Senne , Ademar de La Penha Banho , João Kovacs , Zé Luiz Vicente , Tone Fava , Claudio Riguidin , Dito Saci , Zuza Casarim , Pestana Domene , Lineu Pelizari , Ari Penteado , Tite Francês , Rui Pavan e tantos outros vivos ou já idos , que frequentavam a Lapa de verdade , a Lapa do Mercado .
Saudade pura .....quem viveu ........... Fred
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