23/04/2012
O luxo da reciclagem.

Quem passou dos 50 anos, como eu, deve se lembrar bem do que vou contar aqui.Na década de 50,60 não existiam grandes preocupações com o meio ambiente.Tínhamos uma natureza exuberante à nossa volta,respirávamos o ar puro vindo dos eucaliptos, tínhamos água em abundância tirada com baldes, dos poços ou bicas.Íamos ao armazém de sacolas  de lona ou cestas de palha.Comprávamos as bebidas em recipientes de vidro retornáveis e ignorava-se  latinhas ou garrafinhas plásticas.Haviam poucas opções de produtos de limpeza.Nem se pensava em detergentes, limpadores multiuso,limpa vidros,aromatizantes e toda esta parafernália que enchem as gôndolas de supermercados, alucinando a maioria das mulheres.Haviam poucos automóveis e só mesmo nos grandes centros se via uma quantidade maior de veículos.Andava-se de trem, ônibus,bicicletas, cavalos e até charretes.Nas casas existiam poucos eletrodomésticos .Lavava-se  roupa em tanques, passava-se escovão no chão e os bolos eram batidos à mão.Batedeira de bolo, enceradeira,liquidificador eram sonhos inatingíveis pela maioria das donas de casa.Telefones,televisores  eram raridades. Reutilizava-se  até o óleo de cozinha, pois desconhecia-se o efeito disto no organismo humano.Geladeiras, freezers?Nossa, que seriam estas monstruosidades? Invenções da modernidade, do capitalismo, do consumismo, ou da industrialização que definitivamente modificaram costumes e hábitos.A oferta de novidades, de facilidades para o dia a dia foi tão ampla que, rapidamente resolvemos esquecer o tempo jurássico  que só  nos causou  esforços e sacrifícios.A conseqüência? Criamos um problema meio sem solução e agora a  preocupação com o planeta é um fato e uma constante, pois a quantidade de lixo produzida aumentou demais . Para piorar, surgiu o lixo eletrônico, sucatas de computadores,cabos,placas e fios, que nos últimos 20 anos estão contaminando os aterros sanitários e comprometendo ainda mais o sofrido planeta. No Brasil, o drama é maior, porque pra variar não há investimentos e política enérgica no que diz respeito  à poluição ambiental. Jogam em nós,  uma enxurrada de alertas,palestras, discursos e até orações para que haja um despertar  para o drama. .Prefeitos culpam as sacolas plásticas.Governantes cobram da população uma  melhor consciência ecológica.Defensores da natureza impetram ações na justiça como forma de frear a devastação e cada presidente eleito faz a sua média, promete soluções. No entanto,pouco se evolui e a sociedade  passa a carregar o prejuízo maior e o peso enorme na consciência por estar se utilizando de tantas modernidades  poluidoras.O que fazer afinal? Retroceder aos costumes da década de 60?Abrir mão do conforto,comodidade ajudando na recuperação do eco sistema?Parece sem fundamento.Parece utópico.Renunciar a tudo e  abrir  mão do que nos foi disponibilizado é inviável e impossível.Os tempos já não os mesmos. Eis que surge então a genial alternativa: Reciclagem.O lixo não seria mais  tratado como inútil e sim como fonte de aproveitamento ,rendas e restabelecimento  considerável do meio ambiente.Países desenvolvidos já se empenham e investem nisso.Aqui, ainda andamos em  passos de tartaruga como em tudo,mas sabe-se que é a única saída .A sociedade ainda não participa como deveria,pois não há política e nem gerenciamento adequado para desenvolver e acelerar  esta prática urgentemente necessária.Quando se tornar uma realidade,lixo não será mais lixo, será luxo e reciclar será sinônimo de desenvolvimento e qualidade de vida a todos os seres vivos.E se não demorar talvez seja a única salvação.


Fátima Chiati

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