O rebaixamento da nota soberana do Brasil para o grau especulativo pela Agencia S&P foi a pá de cal para o cadáver político e insepulto de Dilma Rousseff, porque escancarou as fragilidades crônicas do governo brasileiro diante da crise que ele próprio fomentou. Ao enviar ao Congresso Nacional o Orçamento de 2016 com um rombo de 30 bilhões de reais, o governo não se deu conta de que assinava um atestado de incapacidade de governar. De fato, a peça orçamentária, como prevê a Constituição Federal, é um compromisso fiscal para estabelecer um equilíbrio entre o que se arrecada e o que se gasta em prol do povo. Porém, a presidente, encastelada em seu palácio, deve ter imaginado que esse engodo orçamentário ficaria por barato e cairia no colo dos parlamentares para eles assumirem a paternidade de medidas amargas para salvar a Pátria. Ledo engano! A reação dos parlamentares, dos investidores, do mercado e da torcida do Corinthians foi de perplexidade e assombro. Não dava para ser mais realista que a rainha. A tal transparência ficou mesmo na figura da presidente de tão invisível é seu poder de governar o país. Depuradas as análises, o diagnóstico é muito sombrio: o governo edita pacote de aumento de impostos, mais redução de programas sociais, cortes maquiados de ministérios e choque heterodoxo no câmbio. Não bastasse a queda livre do PIB, agora vem o coice nas costelas do povo. O aumento de impostos é uma sobrecarga insuportável até para o heroico burro de carga, já que o desemprego acelera, a renda do trabalhador cai, a inflação sobe e o sofrimento é prolongado.
A BOCA DE JACARÉ E BOMBA DA PETROBRAS
A Petrobrás é hoje a companhia mais endividada do planeta. Deve 400 bilhões de reais. 70% dessa dívida são em dólares. Assim, quanto mais o dólar sobe, e o preço do petróleo cai, maior é o saco sem funda da petroleira. Resultado disso foi o rebaixamento da nota da Petrobras pela S&P, que a jogou no lixo. Como a Petrobrás chegou até aqui não tem nenhum mistério: roubalheira sistêmica e institucionalizada para sustentar a ostentação petista. Ninguém mais fala do pré-sal e sua riqueza monumental – o poço profundo em alto mar ficou muito caro para explorar. A solução vai para a bomba ou meia bomba, porque o consumidor não viu nenhuma vantagem com a queda do preço do petróleo, mas, sim, um coice.
O RUBLO E O REAL
Para engrossar o caldo da mandioca, o Brasil segue de mãos dadas com a Rússia para a passarela dos párias internacionais. Além das coincidentes altas taxas de juros e inflação, as moedas locais foram também consideradas lixo por serem instrumentos de manipulação cambial no mundo. Os crimes têm sido praticados contra o sistema financeiro internacional e comprometem os dados financeiros dos respectivos países. Não é à toa que os governos da Rússia e do Brasil tentam arrastar todos os BRICS para transação na própria moeda do exportador. O custo dessa operação, no entanto, é extremamente elevado, porque confina esses países no clube dos falidos e mal pagadores, além de comprometer as reservas cambiais. No Brasil, particularmente, o dito colchão cambial de 320 bilhões precisa ser auditado, em razão de o país já ter comprometido 100 bi para o Banco dos BRIC´s e 120 bi para intervenção em leilões de linha para conter a valorização do real. A considerar que a dívida externa brasileira é de US$550 bilhões, o colchão não é de molas, mas, sim, de estrado de faquir.