Despertei e logo que me certifiquei que estava viva e na minha cama...fui olhar pela janela para conferir o céu.
Ele estava taciturno... cara de poucos amigos, então fui me lembrando de que hoje seria o último dia antes de de fecharem novamente nossas praias.
Mas... a vida começa todos os dias e hoje é dia de caminhar na praia, não importa se amanhã irão fechar, não sei sequer se haverá amanhã...
Se o dia está triste, eu vou fazer com que ele melhore, vou até lá, olhar para o meu quintal... é assim que o povo santista chama nossa praia.
No sorriso da moça do estacionamento, vi que eu não estaria sozinha nesse dia fechado, mas ainda assim lindo, quando você olha pelo prisma que nós aqui vemos o bater das ondas, o vôo das gaivotas, (elas estavam lá também), as conchinhas aqui e ali rolando com a força das ondas.
Senti aquela paz de sempre...
É ali que eu a encontro, é ali que caminhando com os pés na água, sinto presença de Deus, ainda mais forte. Minha comunhão com a natureza, me eleva, me conduz para a meditação mais plena. Ali me liberto de todas as amarras...
Caminho sozinha, mas de mãos dadas com meus sonhos, meus devaneios, porque ali sou livre!
Oro, canto, contemplo!
No caminho de hoje, encontrei as pessoas de sempre, o sorriso através das máscaras continuavam presentes, mas havia uma certa nostalgia...
Vamos e voltamos e ao nos saudarmos como sempre, hoje nos despedimos com um até breve, com alguns resmungos de revolta, pois o quintal é nosso, mas ao fecharem para as visitas, nos tiram também o direito adquirido do preparo logo de manhã, para mais um dia de trabalho.
Tomei o meu banho de mar ... não podia deixar para amanhã!
Fui saindo olhando para trás, sentindo na pele e nos lábios o melhor dos sabores...
“ Sapore di Sale ... Sapore di Mare”
Não foi um adeus...
Apenas um até breve!
Selma.