Quando eles se conheceram, ele tinha 13 e ela 9
anos.
Na época, a diferença de idade era bastante
relevante.
E embora ela ainda fosse uma criança e ele um
adolescente, era impossível negar o olhar
especial dele quando se encontravam.
Moravam no mesmo condomínio e costumavam
ficar batendo papo no jardim do prédio junto com
outros colegas que residiam lá também.
O tempo foi passando e a amizade dele
com ela e meus outros filhos só aumentou.
Não demorou muito, ele começou a
frequentar minha casa e todos passavamos
horas
conversando e jogando jogos
de tabuleiro.
À medida que ela crescia, o interesse dele se
intensificava.
Quando ela completou 13 anos, encontrou seu
primeiro namorado.
Sem imaginar que isto estava por acontecer, ele
sentiu a frustração do desencontro.
Ele esperou demais, ou talvez ela tenha se
apressado.
A notícia da ruptura com o namorado acendeu a
esperança de que poderia aproximar-se.
Infelizmente ele não conseguiu expressar seus
sentimentos, antes que ela partisse para viver e
estudar em São Paulo, na casa de seu pai.
Apesar de seguir sua vida, era visível que ele não
a esquecia.
Conheceu várias garotas, namorou e sempre que
tinha chance , perguntava dela para mim.
Eu achava graça e para falar a verdade, nunca
achei que havia algo especial ali, porque ele era
muito carinhoso com os meus outros filhos
também.
Em São Paulo, ela arrumou outro namorado.
Ele então, cada vez que ele perguntava dela,
começava com “ cheguei atrasado de novo?”começava com “ cheguei atrasado de novo?”
Chegou o dia que depois de sua habitual
pergunta, contei para ele que ela se casaria.
Foi nesta ocasião que percebi que realmente ele
gostava dela e que não se tratava de um amor
juvenil.
Como tudo, a vida de cada um foi tomando seu
rumo, ele finalmente resolveu se casar e nós até
fomos assistir seu casamento.
Os anos passavam, e ele sempre perguntava
para mim como ela estava.
Ele teve dois filhos, ela também.
Por destino ou coincidência, após alguns anos,
os casamentos de ambos começaram a se
estremecer.
Ela separou - se bem antes dele e não demorou
muito, arrumou o segundo marido.
Ele mais uma vez se atrasou.
Ela estava grávida do terceiro filho quando ele se
separou da esposa e me confessou seu amor por
ela e a vontade de revê-la.
Eu arrumei esse encontro dos dois, afinal sempre
foram amigos.
Ele a viu com um barrigão de 8 meses e passou
a acompanhar a vida dela através de mim.
Nessas alturas ela já tinha percebido o erro que
cometeu com o segundo casamento, mas tocou
a vida.
Foi viver na Bahia com esse marido, lutou muito
para manter a família, mas um belo dia cansou e
voltou para viver apenas com seus filhos.
Cansada e desiludida, não acreditava mais no
amor.
Foi então que ele se aproximou de novo.
Eles precisaram de um tempo longo para se
entenderem. Ambos estavam feridos e também
não queriam machucar mais ninguém.
Não foi nada fácil, nem para eles nem para todos
os envolvidos.
Filhos de ambos lados, família…nem sempre é
descomplicado um recomeço assim.
As lutas para eles passaram a ser outras.
Mas o tempo…
O tempo foi lento até conseguirem um pouco de
harmonia.
Pouco a pouco venceram quase todas as
batalhas, e ainda vencerão outras, eu espero.
Um dia desses eles se casaram…
Eu queria muito terminar essa história de
amor com “foram felizes para sempre”.
E embora seguramente assim será, aqui quero
deixar registrado que com certeza:O amor venceu.
Selma Esteticista