24/12/2024
Carta do meu filho Matheus

Como é difícil conviver em sociedade. Em todas as suas subdivisões: econômicas, religiosas, intelectuais, emocionais, étnicas, culturais, psíquicas, filosóficas, existenciais... O que mais marca é a incapacidade humana em aceitar diferenças, viver em paz com tantas sombras que assolam a existência humana, além de tantas injustiças... Observar tudo isso e conseguir encontrar a paz é uma lição difícil que não está nos livros e  se personifica como uma quimera.

Com o tempo, as cicatrizes de cada batalha se tornam apenas leves traços em uma armadura desgastada, mas ainda persistente. Enquanto alguns afirmam que as armaduras e as máscaras impedem o crescimento humano, outros defendem que sua ausência aniquila a possibilidade de uma vida plena! Plenitude talvez seja apenas uma palavra... um conceito... um sentimento... que alguns acreditam vivenciar em algum momento de sua existência...

Provavelmente só mais uma classificação lírica para gerar esperança... Afinal, parece que esta tão crédula esperança é quase uma unanimidade perante as infinitas diferenças humanas. Muitos se apegam na esperança para tê-la como alicerce de sua jornada por este mundo heterogêneo, onde cada paisagem representa muito menos do que a infinita e insólita necessidade humana de ter fé em sua existência. Entre tantas diferenças, como definir o que é certo e errado? O que é justo? Moral? Ético? Tudo tem em sua essência o antagonismo... TUDO... Pode-se verificar que cada um destes conceitos só se perpetua justamente por causa de seus antagonismos, pois somos diferentes e definimos internamente qual extremo queremos acreditar. Sim... acreditar!!! Crer / ter fé em algo... E não necessariamente no que é melhor para todos... No que é real... Mas sim naquilo que acreditamos ser correto!!! Aquilo que é originário da esperança... Então, temos basicamente que nos confrontar com o que cada indivíduo tem de esperança em acreditar/ crer... Todos estes conceitos de modelam a sociedade, no final, são apenas visões diferentes de um mesmo cenário que compartilhamos... Será então que tanta diferença nos fez cegos para aquilo que realmente é importante, essencial e vital? Por que? Para que? Como? Onde? Quando? Aparentemente ficamos com nossa visão monocromática em um universo multicolorido... Somos uma colméia sem organização... Sem unidade... Sem razão... Sem essência!!! Somos o caos da harmonia "irracional", dos "sem sentimentos", dos seres "inferiores"... Em toda nossa supremacia, não conseguimos sequer promover o entendimento entre nós mesmos... Talvez porque o que nos motiva seja realmente o que nos define como o fracasso da evolução, o caminho que não leva a lugar nenhum, onde apenas existe o trajeto... Mas insistimos em acreditar em um destino!!! Somos talvez a espécie mais ingênua e estúpida de um mundo que não usa da fé para se fazer existir e estar em harmonia... Mundo este que talvez tivesse muita paz antes de nossa "supremacia" se instalar, alastrar, destruir, condenar... Buscamos na esperança aquilo que não temos capacidade de ser... Verdadeiros, Corretos, JUSTOS!!! Somos o que queremos ser...  Pequenos... Egoístas.... Imperfeitos... E tentar transformar isso em lirismo nos faz o ser mais irracional que habita este efêmero planeta... Novamente, utilizando da incessante necessidade de ter fé e esperança, cabe a nós acreditar na humildade de que um dia compreendermos porque tanta imperfeição persistiu ....
Viva a sociedade!!!

Matheus Marcos Rotundo



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