O ano era 1980.Ainda não tínhamos esse mundo virtual que vivemos hoje, os jovens ainda tinham bastante respeito pela autoridade dos pais...Eles eram adolescentes de 16 anos e começaram uma “ paquera” no colégio que não demorou muito para o rapazinho “ pedir à menina em namoro”. A timidez ainda existia, mas o encanto do primeiro toque de mãos, o primeiro beijo aconteceu normalmente e eles ficaram apaixonados um pelo outro. Queriam sair, ir ao cinema , à praia, enfim, ser um casal de namorados além do domínio dos muros do colégio. Mas para ter essa permissão a mocinha precisava pedir aos pais, que exigiram conhecer o rapaz, saber da família, aquelas coisas de antigamente.
Foi daí que começou o maior problema: ele era muito tímido. Não se sentia preparado para pedir permissão aos pais dela. E a coisa se prolongou por um tempo, até que a moçoila, já um tanto irritada com a falta de coragem de seu príncipe, deu um ultimato: desse fim de semana não passa. “Se você não for conhecer meus pais, terminamos tudo”. O pobre coitado, apaixonado que estava, não viu outra saída a não ser criar coragem e enfrentar a “fera”, que nem era tão bravo assim. Ele apenas estava querendo proteger sua filha. Afinal era seu primeiro namorado.
Marcaram para o fim de semana o tal encontro. O rapaz passou todos os dias que antecederam num misto de ansiedade e de medo da situação. Conversoucom seus pais, que o orientaram, e no fatídico dia, até o levaram de carro para o encontro. Já no elevador ele suava, o coração disparado, a boca seca, o coitado nem percebeu que já tinha chegado no andar onde ficava o apartamento da namorada. Quando se deu conta, ela abriu a porta e mandou ele sair. Ele quis dizer a ela que estava muito nervoso, que até se sentia mal, mas ela nem quis ouvir!Empurrou o coitado porta a dentro da sua casa e ele já deu de cara com o “sogro e a sogra”, olhando para ele, que não sabia se estendia a mão, se falava, enfim, ficou feito um pateta parado olhando, sem dizer uma palavra.
O gelo foi quebrado pela “ sogra” que foi logo dizendo para ele ficar a vontade, se queria um suco, etc. Como ele nem sabia o que dizer é nem onde enfiava às mãos, que escorria suor e pingava no sofá, a namorada resolveu tomar atitude e serviu o suco, pediu baixinho para ele parar de tremer...( como se adiantasse ela pedir) e o pobre pegou o copo e tomou tudo de uma só vez. Até houve uma tentativa de conversa, daquelas tipo: “então você estuda na mesma escola que minha filha... que vai querer seguir...”, enfim.
Mas ele não conseguia se concentrar no que diziam, pois de repente começou a sentir uma sensação estranha vindo direto de sua barriga, que começou e fazer barulhos, cada vez mais alto, até que a situação ficou tão crítica que o pobre teve que pedir para ir ao banheiro. Desnecessário dizer que nessas alturas, a menina já está muito “P” da vida. Ele foi e logo que sentou no vaso, percebeu que estava à beira de um colapso intestinal, começou o “serviço com os primeiros trens ainda sólidos e logo em seguida veio com toda a fúria uma chuva de “Merda”, tipo ninguém me segura. Ele nem sabia há quanto tempo estava lá, apenas pensava como é que sairia dali, e como ele ia disfarçar o “ fedor” que ele mesmo não estava aguentando...
Quando finalmente ele achou que não tinha mais para por pra fora e sentindo aquele ardor que as diarreias costumam deixar no “fiofó”, ele foi usando o papel higiênico e jogando dentro do vaso, pois a ideia de alguém ver aquela sujeira toda era demais para ele. Deu a descarga... ele tinha entupido a privada!A água com toda aquela merda, começou a subir... subir...diante dos olhos esbugalhados do pobre, e foram caindo pelo chão...O desespero tomou conta dele. Pegou os trens que estavam sólidos e jogou pela janela e o resto ele enxugou como pode com todo o papel higiênico que tinha lá e mais sua cueca.Olhou em volta para achar algum desinfetante, mas não achando nada, teve a ideia de abrir o armário do banheiro, onde tinha uma loção pós barba do pai da menina e sem racionar mais, começou a espirrar o líquido pelo banheiro, na intenção de disfarçar o cheiro, mas o vidro escorregou de sua mão espatifando-se no chão. Não tinha mais jeito.
A merda estava feita no sentido total da palavra. Tudo agora eram trevas!!!Ele abriu a porta e deu de cara com sua namorada que nessas alturas estava vermelha de raiva e já foi logo dizendo que seu pai o levaria embora e que ele não precisava explicar nada, ela queria apenas que ele sumisse. Ele viu nos rostos dos pais a vontade extrema de rir, mas abaixou a cabeça e apenas pediu desculpas por tudo. Desceram no elevador em silêncio. Chegaram na garagem e quando se aproximaram do carro do homem, eis que tinha um trem em cima do capô, fazendo com que o ex futuro sogro falasse no meio de uma gargalhada: “credo!!, está chovendo merda”.
O namorado era tão azarado que jogou a sua merda em cima do carro do futuro sogro. Acabou o namoro. Até hoje quando ele conta essa história, chora de dar risada, mas diz que o pior de tudo foi ter que encontrar a menina pelo resto daquele ano no colégio. Azarado é pouco!
Selma Esteticista