Ultimamente tem sido complicado saber o meus limites…parece que a idade cronológica se desentendeu de uma forma irreversível com a idade mental…
Por um lado, meio que inconscientemente reformulei meus valores, repensei meus planos futuros pois percebi há pouco que já não há tempo para eles, algum dia houve? Meus valores… esses sofreram uma mudança radical… onde eu achei que iria com tanto peso na bagagem?Entendi que o valor da verdade é substantivo abstrato, na vida de cada um.
As verdades que me impuseram nos antigos tempo de infância, se mostraram muitas vezes nada mais que regras ditadas, impostas na marra e até nas chineladas caso eu ousasse questiona-las.
Agora nesses tempos onde o fim do túnel parece próximo, sim porque nessa tal terceira idade, estando em sã consciência, começo a enxergar que existe realmente um fim… que agora, tirando os casos de infortúnio, os que estão subindo para o andar de cima, ou de baixo, são as pessoas de minha geração, meus amigos, conhecidos, vizinhos … enfim é a minha turma gente!
As mudanças se operam tão rápido em minha mente, que os pensamentos precisam de mais tempo para colocar a bagunça em ordem. O que serviu para uma vida, de repente não serve mais. Os discursos prontos de muito “ sábios” não me norteiam mais, se é que um dia nortearam… afinal, eu sempre tive essa raiz de “ coisa ruim” , como diziam meus antepassados pela língua comprida e sempre pronta para uma resposta rápida feito raio e xispando fogo pelas ventas.
Sempre odiei regras … mas tive que viver dentro delas!
Mas agora, nesse tempo onde minha cabeça está em novos lugares, povoada de pensamentos livres, enfim libertos das amarras impostas pela vida dita como “ normal “ , agora que sinto a brisa da liberdade em ser eu mesma, agora que vejo a beleza maior no ar que respiro, no orvalho da manhã, no passarinho que chega na minha varanda, o caminhar sentindo as águas do mar molhando aquele vestido branco que hoje contrasta com a cor de minha pele escurecida pelo sol… agora que eu quero correr… gritar…viver muito … meu corpo esse meu corpo está cansado.
Como assim…?
Eu estou tão viva
Eu estou muito lúcida
Eu tenho na simplicidade a fórmula da alegria…
Eu pratiquei o desapego das coisas mundanas
Agora, preciso das minhas asas de borboleta para voar…
Corpo, corpinho meu…
Existe borboleta mais linda que eu?
Então voe… corpinho voe…
Selma.