Não é novidade para ninguém o que o brasileiro comum e trabalhador está passando nesses tempos de pandemia.
Tenho ouvido de minhas queridas clientes, principalmente as comerciantes o sufoco desesperador que estão vivendo. Muitos têm funcionários, que até aqui estão sendo pagos mesmo não podendo trabalhar, por questões de humanidade e sacrifício de seus patrões, que fizeram empréstimos bancários para saudarem essas compromissos e agora estão atolados de dívidas com mais paralisações.
Escuto isso como desabafo quando elas me explicam porque não podem vir fazer seus tratamentos comigo. Vejo lágrimas, vejo desespero e o que me cabe nesses momentos, são palavras de esperança e fé pois é o que nós, trabalhadores autônomos, temos por hora.
Outro dia, uma cliente que faz questão de vir em minha cabine pelo menos uma vez no mês e eu sei que é para me ajudar, desabafou: “ Selma, vc acredita que não estou ligando o ar condicionado mesmo com esse calor insuportável para economizar?
Para quem não mora numa cidade como a nossa, talvez não tenha noção do que é dormir no verão sem o ar: insuportável, aquele ar quente, úmido, e se ligamos um ventilador, a sensação é que estão soprando ar quente direto do inferno na nossa cara.
Então ar condicionado aqui, não é luxo e sim sobrevivência.
Outras, felizmente com suas aposentadorias garantidas, estão ajudando filhos, netos enfim os que estão sem poder ganhar seu sustento.
Eu estou na mesma situação dessas pessoas recebendo ajuda de filhos e até de clientes amigas, cuja situação está mais estável.
E é nessas horas que vc vê também a hipocrisia de outras pessoas, que estão com seu burro na sombra, mas com o dedo em riste, buscando nas redes sociais alguém para criticar.
Um dia desses, tivemos um momento crítico e resolvi abrir mão de meu cofrinho de moedas, que junto o ano todo para no natal, dar para meus netos. Foi com dor no coração que fiz isso, mas achei que seria um bom exemplo a dar para pessoas que estão na mesma situação e depois de abri-lo, fotografei e coloquei numa rede social como forma de dizer: “ estamos assim nesse momento, mas vai passar “!
Foi com emoção que comecei a receber desabafos de outras pessoas se identificando e tendo coragem de falarem de suas dificuldades.
Mas ... a fofoqueira de plantão da família, ficou indignada com minha postagem e veio mais que rápido criticar me dizendo que não ficava bem para o nosso nome tradicional eu mostrar aquilo.
Afinal temos que manter aparências.
Quanta hipocrisia , pois a mesma pessoa em questão, já teve seus momentos de raspar o cofre e foi a pobre do momento que pagou suas dívidas.
Mas assim é a vida... uma gangorra para quem sabe aprendermos a estar hora em cima, hora em baixo.
Minha filosofia de vida: sou transparente
Sou verdadeira.
Não vivo de aparências.
Mas respeito o direito de cada um ser como quiser.
Para encerrar o assunto, só a frase do querido “ Caco Antibes” ;
CALA A BOCA MAGDA
Selma.