04/01/2018
Enfim

O pouso do avião foi suave, apenas o bater dos corações ansiosos se ouvia dentro do peito de cada um deles...

Enfim, estavam novamente em terras brasileiras, sua terra, sua pátria!

No rosto das crianças, aquela alegria pura de quem esperou muito por esse dia.

A cada espaço vencido, a cada quilometro rodado, eles viam apenas as belas paisagens, o verde das matas da serra, que os trazia para a querida cidade de Santos, onde estavam seus entes queridos: avó, tios e primos...

O abraço saudoso foi tão intenso que a troca de energia fez-se quase palpável.

Ah, esse sentimento maravilhoso chamado saudade, como ele nos maltrata, nos fere sutil, mas tão profundamente, que deixa marcas indeléveis no mais profundo de alma.

Foi tão maravilhoso esse reencontro...

E a cada pessoa que chegava para vê-los, era outra emoção intensa.

Foi assim por varias vezes, sensação única quando se tem muito amor no coração e a inocência pura das crianças.

Mas, existem os adultos... ah esses adultos, discutem coisas que eles, os puros de coração, não entendem.

Quando todos se reunirem, sem exceções, haverá discussão, haverá polêmica, que muitas vezes se transformará numa discussão inútil, onde os egos serão feridos e aí.... bom nem vale a pena descrever a cena da briga inútil e ridícula que todos assistirão.

Pobre da inocência dessas crianças que tanto esperaram esse dia.

Mas essa é a vida de gente comum, afinal, estamos aqui nesse planeta para que, repetindo e repetindo os mesmo erros, talvez consigamos um dia aprender alguma lição...

Mas, as festas continuam, as caras feias se desfazem e dias depois nem se lembram mais porque brigaram , afinal são família, e vivem separados, moram tão longe uns dos outros. Então vamos lá... vamos parar de brigar... pois nessa confusão as crianças, as pobres inocentes crianças, continuam sem entender nada, no que os avós tentam faze-los compreender que isso é coisa de adulto, sendo que isso leva uma das mais puras crianças a chegar a seguinte conclusão: “eu não quero ser adulto”!

Uns dizem: “ah! é nossa origem italiana, sangue quente...”, mas para mim não é a origem ou a descendência, mas é na verdade “egocentrismo”... Palavra que precisei explicar para um dos netos, que fala melhor o inglês do que o português, e ele achou o máximo, saber o vocabulário de uma palavra tão inóspita.

Enfim, sei que isso acontece nas melhores famílias, das mais diversas origens, mas como mãe, avó e bisavó, digo em alto e bom tom: “essas brigas são um verdadeiro porre para os meus ouvidos cansados e seletivos”.

Mas a verdade é que essas reuniões fazem parte de uma vida saudável, as discussões acabam sendo engraçadas para quem, como eu de uma ‘certa’ idade avançada, já viu isso desde criança, e percebo que nada muda...

As famílias se amam sim, sentem saudades sim, querem estar juntos sim...

Mas brigam.... sim!

E logo eles irão embora, estarão novamente naquele avião olhando o decolar, percebendo a terra amada ficando pequenina, mas vão levar no coração apenas as boas lembranças, o som das risadas, as brincadeiras...

A esperança de que haverá novas datas onde todos se reunirão novamente e tudo pode acontecer de novo, afinal são família e são normais.

O que é bom de verdade é que nós só lembramos do que foi alegria, folia..

Feliz ano novo família.

Até um dia...


Selma Esteticista



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