Quando me deparo com alguém na melhor idade, caminhando a passos lentos ou com as pernas semi-abertas e meio curvadas fico a me perguntar: qual seria o motivo?
Isso me faz lembrar da piada dos três médicos recém formados tentando adivinhar qual seria a doença do velhinho que vinha caminhando devagar em direção aos jovens, na calçada de um bar, que tomavam cerveja. Um dos jovens interpelou-o contando da aposta feita entre eles e disse-lhe: - Vô, nós fizemos uma aposta tentando acertar o diagnóstico de sua corcunda. O senhor pode nos responder?
O Bom velhinho educadamente acenou com a cabeça concordando. Foi quando o doutorzinho emendou: - Eu falei que o senhor tem um problema na coluna, meu outro colega disse que é o nervo ciático e o terceiro afirmou que são os rins. Afinal qual é seu problema? – Que pena meu filho, “nóis quatro se enganemo”, eu pensei que fosse apenas gás aprisionado e me borrei todo...!
Minha história não tem nada a ver com a do velhinho, mas estou passando por uma convalescença após uma pequena intervenção cirúrgica na coluna. O meu passo lento, que espero durar pouco tempo, deve-se somente a este fato e nada mais.
Falando em cirurgia, me dei conta de quanto somos vulneráveis e dependentes quando prostrados num leito de hospital. Graças a Deus, pude contar com o aconchego de minha família - esposa, filhos, parentes - e certamente os amigos. Os braços fortes de meus queridos filhos para me levantar, sentar e me virar no leito fizeram a diferença.
Refleti muito sobre a vida nesta semana de internação. E na minha retrospectiva, cheguei à conclusão que já fiz muitas extravagâncias no passado, abusando da sorte e da saúde, mas como se diz: o jovem tudo pode. A fatura vem depois. Apesar dessa consciência, poucas são as coisas que eu me arrependo e não faria novamente.
O ser humano nasceu para lutar e vencer. Nosso instinto por novas descobertas e superar novos desafios nos deixa ansiosos e quase sempre no fio da navalha. Claro que não estamos falando somente de conquistas materiais, mas principalmente das espirituais que nos dão paz e equilíbrio para seguir enfrente. Só temos certeza de duas coisas neste mundo: do nascimento e da morte. Entre um e outro, ficamos enchendo lingüiça da melhor forma possível. Fazendo o que gostamos e com amor, os resultados sempre serão de boas colheitas.
Também descobri como é importante receber a visita ou um telefonema de amigos nos dando força e atenção. Prometi que a partir de agora visitarei ou darei, pelo menos um telefonema, a todos que me são caros, quando enfermos. Este simples gesto faz um bem danado tanto para quem faz como para quem recebe - principalmente.
Boas lembranças me trazem, quando na roça alguém ficava “doente de cama” como se dizia. Sem dúvida as galinhas e frangos do terreiro entravam em pânico - uma deliciosa canja era iminente. Os parentes, às vezes, vindo de longe, sempre traziam algo, principalmente biscoitos de água e sal e maçãs argentinas, por sinal muito ruins perto das nossas. Confesso que algumas vezes eu sonhava em ficar de cama, porque eu adorava aqueles biscoitos e bombons escondidos no baú de minha nona, reservados somente para estas ocasiões!
E viva a vida com saúde porque a morte é certa!
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