09/05/2012
Tributo á primavera

Sempre tive uma profunda simpatia pela estação do ano - primavera. Ela me remete aos tempos idos da minha infância na roça e no interior. Quando ela desponta, o clima se torna agradável, nem calor, nem frio. O sol parece ficar mais preguiçoso e com a vinda das primeiras chuvas, a vegetação começa a cobrir-se com novas folhas demonstrando eterno renascer.
Assim como nossa própria vida, renascendo a cada dia, e nos enchendo de esperança por dias melhores. É a época de acasalamentos e nascimentos, após meses de frio a natureza veste-se de um sublime esplendor, preparando-se para o último trimestre do ano dando início ao verão, a estação mais chuvosa e quente do ano.
Estamos em meados de setembro e já começamos a vislumbrar o fim do inverno, estação esta que menos gosto, talvez por ter passado muito frio e acordar cedo para enfrentar o batente, seja para trabalhar ou estudar. A primavera deve ser com certeza, uma estação que traz doces lembranças à maioria das pessoas. Eu por exemplo, tenho várias coisas na minha vida que aconteceram nesta estação, só para citar algumas: nasci, entrei na faculdade, me formei, casei, fiz minha primeira comunhão, etc, tudo na primavera.
Todas foram importantes em minha vida, principalmente os momentos da primeira infância e puberdade, onde a pureza dos atos predominava, não existia maldade e os sonhos eram acompanhados de uma vontade de viver e vencer infinita.
Mas minha intenção, nestas mal traçadas linhas, é prestar uma homenagem à esta estação poética chamada primavera, onde as flores desabrocham para enfeitar a vida ou talvez a morte, quem sabe? 
Hoje, nesta madrugada primaveril, acordei com o canto do sabiá na varanda do meu quarto, parece que ele estava cantando somente para mim, foram dez minutos de cristalina sonoridade. Em seguida subiu ao palco da mãe natureza, uma pomba rola afinadíssima, provavelmente tentando despertar a paixão de um parceiro para acasalamento. E para completar a sinfonia, lá pelas seis horas chega uma minúscula corruíra dobrando alegremente e fechando o alvorecer com chave de ouro.
Meu filho, que dorme no quarto ao lado, certamente por sua tenra idade ainda não desenvolveu a sensibilidade para entender o significado daquele espetáculo, e com toda sua pureza me fez a seguinte pergunta: - Pai, você ouviu uns passarinhos chatos, cantando na nossa janela, de madrugada? Eu lhe disse: – É primavera meu filho, ouvi e fiquei maravilhado, creio que cada habitante desta cidade tem sua orquestra particular e esta é a nossa. Ao invés de reclamar agradeça a Deus pelo privilégio de poder ouvir e ser prestigiado por um trio musical apaixonado como este. Foi quando me lembrei de uma cantiga que aprendi com minha mãe: “Sabiá laranjeira, eu ouvi seu cantar tão perto, eu saí lhe procurando, mas a noite foi chegando, eu me perdi no deserto”.
Sabe meu filho, acho mesmo que eles estão nos agradecendo por tratá-los todos os dias e fazermos as casinhas de madeira onde constroem seus ninhos e criam seus filhotes com segurança e carinho, isso se chama gratidão e ela é a mãe de todas as virtudes, que por sinal, está em desuso nos dias atuais, ao contrário chamamos de ingratidão que é o pior dos defeitos, despreza e apedreja hoje, quem nos socorreu e ajudou ontem.
E viva a primavera e seu esplendor!
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Osvaldo Piccinin

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