Os moradores da cidade de Caieiras estão alarmados com a construção do aterro sanitário, no Jardim dos Pinheirais. O motivo de tanta tensão é o fato da Lei nº 2676 de 10 de dezembro de 1996, permitir que o aterro receba lixo de qualquer espécie, inclusive industrial e hospitalar de todo o país.
Hoje são depositados cerca de 25 toneladas/dia de lixo da cidade, sem o devido tratamento em uma área de manancial, no Portal das Laranjeiras.
O local já não comporta mais o volume de lixo que é depositado diariamente na área e para solucionar este problema existente na cidade há muito tempo, o ex-prefeito Névio Dártora, deu origem a Lei que cria a zona de serviço de saneamento ambiental e concede a CAVO, empresa de limpeza pública do Grupo Camargo Corrêa, a construção de um sistema de tratamento, reciclagem e disposição final de resíduos urbanos, industriais e de serviços de saúde de qualquer origem, inclusive os provenientes de outros municípios.
Isso significa que o aterro sanitário tem autorização para receber todo e qualquer lixo do país. Insatisfeito com a medida, alguns moradores já têm até planos de mudar-se da cidade e, além disso estão se mobilizando para que essa lei seja reformulada.
O membro da Sociedade Amigos de Bairro – S.A.B., Clemente Pereira – Kelé, morador há mais de 15 anos no bairro, garante com certeza que todos os moradores que conhece do bairro são contra a construção deste aterro.
Segundo ele, que é um dos representantes da S.A.B. local, a população está organizando uma campanha contra a instalação do aterro. “Caso o lixão seja realmente construído aqui, a única coisa a fazer será vender a minha casa, que construí com tanto sacrifício, e me mudar para outra cidade”, desabafou o morador.
Assim como Clemente, outro morador do bairro, Kenedy Lincon Leonel de 31 anos, acha que a construção do lixão irá prejudicar toda a população da cidade, uma vez que o lixo propicia a proliferação de insetos, ratos e o desenvolvimento de doenças. “Eu peço providências das autoridades locais, em nome das crianças da cidade”, solicita o morador.
A história de Emílio Formigone, 57 anos, é um exemplo vivo dos problemas que o lixo pode causar à saúde da população. O morador contou que já foi vítima de problemas como esse, quando morava na cidade de Perus. Sua casa estava numa distância até que razoável do lixão. Segundo ele, sua filha veio a falecer por problemas causados pelo ar e a poluição do lixo. Seu Emílio lamenta a construção do aterro e garante que também irá se mudar do bairro caso seja instalado o lixão.
O vereador Milton Valbuza, inconformado com a medida criou o Projeto de Lei nº 3.017/97, de 24 de fevereiro de 1997, que trata da reformulação da lei que cria o aterro. Segundo Valbuza o projeto de lei, que deverá entrar em votação na Câmara dos Vereadores de Caieiras, no próximo dia 18, dá nova redação ao artigo 2º da lei, e autoriza o aterro a receber apenas lixo do município de Caieiras.
O vereador acredita que a construção do aterro irá solucionar a questão do lixo da cidade, mas, por outro lado se o aterro receber lixo de todo o país, a cidade estará condenada, garante ele.
“Eu acho que o lixo da nossa cidade é um problema nosso. Não é justo permitirmos que o lixo de outros lugares seja depositado na cidade. Agora, só espero contar com o apoio dos meus colegas e nobres vereadores da cidade na votação do meu projeto de lei”, finaliza o vereador.