07/03/2017
Altruísta egoísta

Ei, você ai! Tão altruísta! Filantropia devia ser seu nome, não é?

Tanta bondade exalando de seus pulmões comovendo a (?).

Nossa!!!! A você mesmo?

Assustei!

É sério mesmo estas belas historias de seus feitos magnânimos?

Quanto discurso sobre seus gestos de “ajuda ao próximo”, sua voz exaltada para contar o quanto tira de seu saudoso leito para “dar ao alheio”!

É tão aterrorizante saber que o mundo padece de pessoas com seu inexorável dom da empatia humanitária!

Imaginamos que doloroso seja contar com requintes de detalhes sobre seus atos nobres em meio a um mundo tão egoísta!

Despretensiosos feitos!

Entendemos! Ahhhh! Sim! Mais que isto, compreendemos.

O que? Que abaixo desta sua emancipação humanoide, desmaterializada e tão aleijada do suburbano, reside sua debilidade antônima desta auto titulação de “altruísmo”.

O que há mesmo é este seu tremendo egoísmo em angariar bônus de donatividades supostamente inocentes, para cobrar sua vil demência em formatos menos ortodoxos como contraprestações silenciosa.

Esta cara de anjo disfarça sua pretensão diabólica, e de angelical só lhe resta o conto dos “anjos caídos”, e nem sequer seria neste planeta de gentes!

Supostamente presume que merece o paraíso ou um posto digno de quase semideus por tantas voluntárias bondades! Talvez isto possa acontecer mas tememos por seu engano: altruísmo querido ser, é fazer sem preço a pagar, é entregar sem recolher os cheques pré-datados.

Altruísmo o levaria a quase uma Madre Tereza de Calcutá, fato impossível, verdade?

E se diminuirmos a presunção, ainda assim não haveria meios de negar que sua desviolada necessidade de somar “boas ações” e espalhar sua voz aos quatro ventos, representam no mínimo um estéril egolatrismo provinciano igualável a época feudal. “Dou a terra, porque sou bom! Mas cobro-os alguns guinéos”.

Pobre, não é culpado por sua falta de verdade! Mas pela indecência de julgar-se tão belo e soberano usando a coroa de diamantes e cedro de rubis em estúpida dinastia narcisista de seus vangloriados atos de amor a si mesmo próximo neste pretexto caótico de guardião dos humildes.

Deveras, é muito bom em falsetear sua despretensão! Mas não há altruísmo real nem no conceito de sua mente escandalosamente desmascarada por descontar os cheques dados em garantias a algo que chamou de “ajuda filantrópica”.

Seu nome é egoísmo, seu destino é incerto, mas seu fim é mais que certo: entre os falsários, os piratas disfarçados, o cobrador avarento.

Pérfido!

 

Daniele de Cássia Rotundo

 



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