Algumas pessoas são inspiradoras.
É certo que a inspiração é tão subjetiva quanto o sentimento que emana involuntário, calado, gritando de cada alma na sua solidão infinita.
Não há palavras suficientes quando um olhar, um sorriso, uma expressão singela dizem mais do que qualquer junção de sílabas traçadas por qualquer escritor da história.
E assim seguimos: pensando, ou não!
Analisando, ou não!
Medindo o que não é mensurável, ou não!
Ou simplesmente sentindo sem dar nomes ao que o íntimo sussurra delicadamente, e sem dúvidas, exala com sensação de bem-estar incontestável.
Por que?
Não há um por que.
Os porquês não respondem o que a inspiração busca.
Há o que há.
E neste olhar genuíno, ingênuo, excêntrico, despistado, por vezes uma incógnita mas muitas e muitas vezes o reflexo de um desconhecido tão incoerentemente conhecido, surge a vontade enorme de apenas olhar e agradecer.
Agradecer pelas boas sensações sem precedentes ou propósitos.
Agradecer por fazer surgir o belo de viver. E ironicamente o belo de viver já estava acontecendo e implorando apenas para ser observado como o milagre da estrela que todas as noites aparece há séculos de distância neste lapso temporal pouco compreendido mas firmemente sustentado no propósito de ser deleitosamente apreciada.
Agradecer por ser, exatamente e com cada detalhe de como é!
Ah! Mas detalhes são detalhes, e tão detalhes que são vistos apenas no resplandecente mundo trancado num calabouço de sensações intocáveis.
E foi assim, que enquanto aquela luz do sol tão particularmente desenhada para aquele rosto tão expressivamente traçado, esbarrando nas adjacências de olhos divinos de feição perfeita, que uma aura despregou-se, exuberantemente regalando a luz por tempos não notada: sem medos, despida de intenções antecedentes, quebrando o gelo do mistério profundo que a outra parte escondia.
E nestas inspirações inocentes, uma história cria-se, pequenos ou minúsculos momentos traçados pelo curso da vida como um rio que segue sem olhar para trás mas fazendo cada margem que toca um lugar diferente.
E mais uma vez, inspirar é saber ressoar no que há de mais frágil e concomitantemente mais forte, é ser expectador e ator em um cenário; é ser singular o suficiente, sem pormenores, sem dissimulações!
E é este ser humano, em seu mundo tão apartado de outros tantos existentes num vasto horizonte, tão ímpar, que torna alguns instantes brilhantemente convexos num lugar tão côncavo.
O que há?
Há inspiração!
Ser inspiração é ser vida corrente nos olhos de quem ama “ser” intensamente.
E isto não é sobre quem inspira, é sobre quem é inspirado por um riso delicado e distante, um abraço apertado ou simplesmente pelo andar longínquo de quem vê; é sobre sentir a folha cair pelo vento uivante e querer transformar em real o que só a sensação explicaria sem palavras padronizadas.
É sobre ser apreciador da magia que cada astro emite aos de coração aberto.
Ah! Que eu seja mais inspirada que inspiração!
Mas a você que inspira, gratidão!
Sem maiores explicações, acontece rasgando o objetivo da razão e faz gentilmente um poema surgir entre um único sentir: o do agora.
Daniele de Cassia Rotundo