No mundo dos “Es”, pensando como pensar
Bom dia “ lindos”!
Ops!
Bom dia “lindEs”!
As recentes discussões sobre a necessidade de um artigo neutro na Língua Portuguesa, transformou-se em matéria de debate em vários segmentos sociais.
Desde conhecedores exímios da Língua Portuguesa, até organizações (pequenas ou grandes) que lutam contra qualquer tipo de discriminaçao, tem reunido argumentos e variadas soluções para acalmar nossa sociedade ávida por mudanças em toda estrutura.
Todos buscando representatividade !
É no dia a dia, que uma parcela significativa de indivíduos com receio de causar constrangimentos ou um pré conceito de caráter discriminatório, que em rodas de amigos, grupos de whatsapp, estão substituindo os artigos “o” e “a” por “e”!
Politicamente integro ???!!!!!
Sem generos.
Correto ou não, a análise que proponho neste texto vai além de qual artigo, pronome, adjetivo, substantivo, etc pode corroborar para uma linguagem fora da binariedade e confortável para a coletividade.
O que acontece no mundo moderno (embora possamos supor que durante a história da humanidade) é que à medida que surgem novos tipos de relações, tanto questões de direito, como novas formas de compreensão uivam pela necessidade de aceitação e, sobretudo pela imprescindível adaptação do meio ao recente.
A comunicação em suas maiores expressões cresceu globalizando o acesso à informação, desinformação, etc, sobre o que preenche, e como, o mundo.
Estas mudanças atravessam a velocidade do som, pela rapidez com que passam a fazer parte do composto.
Sem embargo, o que por um lado nos propicia acesso rápido, evolução tecnológica, ideológica, por outro coloca o espectador em situações de perigo ou constrangimento social.
É uníssono que a ânsia por tratamentos condizentes com a face dinâmica do globo é legítima e, por vezes, até tardia.
Mas há uma lacuna de tempo entre a ligeireza do conhecimento ( dada a eficiência da velocidade da informação) e a aceitação, entendida como ato de acolhimento (ativo ou passivo).
Neste ponto o mundo dos “Es” vem conquistando espaço, nesta lacuna exposta a questionamentos representativos, por vezes, de um tímido “não saber como agir”.
Novas formas de conceber a carcaça da sociedade, devem ser consideradas eficientemente, mas também com parcimônia.
Por que?
Porque o ajuste não é robotizado principalmente quando tais perspectivas atingem diretamente as relações interpessoais.
A resposta pode ser a negação de ajuste, e esta vertente também atua como parte de um processo de desenvolvimento de mundos, dentro de outros mundo pré existentes.
Podemos chamar de maturação social.
Um tempo de introspecção para assimilação, seja positiva ou negativa.
Até lá, a sociedade busca no bom senso coletivo, meios de agir e reagir.
Outro dia assisti uma cena de um programa que traduz o ponto a que me refiro.
Uma adolescente já à beira da juventude adulta, brigava com a família para ser reconhecida como homem.
O pai comovido e confuso tentava explicar o motivo da dificuldade em chamá- la por um nome masculino.
Eles se abraçaram e o pai olhando nos olhos da jovem falou que para ele, até pouco tempo atrás, não tinha ideia da existência de um menino como seu filho, dentro daquele corpo de menina.
Explicou que não se tratava de não aceitar a opção da filha, mas que necessitava acomodar em sua memória a nova realidade, substituir a princesa, a filhinha, a pequena menina que ele segurou, por aquele menino que entrava na vida dele.
Falou que amava a filha como ela decidisse ser ou viver e só não sabia como reagir ao que tinha estereotipado.
O que o mundo dos “Es” busca?
Adaptação.
A adaptação não é um processo pacifico por natureza.
A adaptação requer que minorias insiram no corpo social novas tendências. E isto não vem com um manual claro de instruções.
A adaptação pode pressupor a ruptura com cenários obsoletos.
E, ainda assim, a inserção de “realidades” não significa a obrigatoriedade de adotar conceitos que não condizem com a essência individual ou comunitária.
Significa sim, ampliar, aceitar, aprender a conviver com a pluralidade pacificamente. Não há vida que perdure neste planeta sem adaptação.
Não há sociedade que evolua sem adaptação.
Não há aceitação de verdades ímpares, sem adaptação.
Todo nosso entorno é fruto de adaptação.
Seja como regra imposta ou norma de direito natural imprescindível e dinâmica para a continuidade da existência.
São os “ajustes” no mundo, ao mundo presente, para o mundo futuro.
Daniele de Cassia Rotundo
Obs. Contribuição de Denis Lima