01/09/2016
Impiedoso tempo

Quanto tempo da Terra alguém é capaz de aguentar-se no silêncio íntimo?

Quanto tempo em horas, minutos, segundos, milésimos de segundos alguém é capaz de suportar suas culpas cortantes no profundo de sua alma?
Quanto tempo é necessário para alcançar o perdão dos mortais, tão pecadores quanto eu que lhes escrevo?
Quanta lástima pessoal é possível segurar em nome de um passado perdido?
Há este tempo?
Quanto?
Quando?
Onde?
Talvez nunca chegue!
Talvez “jamais” seja a única palavra que o destino sussurrará!
Talvez a morte física não traga rendição, e, ainda assim o tempo não dê tempo!
E então, a carne apodrecerá vagarosamente enquanto a vida segue ao incapaz de regalar a “extrema unção”.
E o peito explodirá tentando e tentando numa tempestade de raios fulminantes neste coração aberto a carne viva, cheirando a sangue fresco, escorbuto!
E?
O que passará?
O tempo não chegará!
O tempo é irreal? Surreal?
A vida sucumbe-se vagarosamente a olhos desnudos, muito mais que nus, enquanto tolamente se espera o tempo : bendito e maditoso algoz!
E, se por fim, num milagre ele descerrar, estará em uma tumba quiptografado: “Jaz”!
Assim acabará a existência infame deste ser rastejante, agoniando piedade ao infortúnio e implorando indulto latejante ao desprecio desta duração ilimitada.
Morra de esperar!


   Daniele de Cássia Rotundo



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