18/11/2024
Várias crônicas para distração

Várias crônicas para distração

Me sinto muito inferiorizado nesta vida. Todos são alguma coisa e eu não sou nada.
Quando me encontro com pessoas elas tem o que dizer o que são e eu não. Muitas delas estufam o peito e dizem: eu sou católico, eu sou evangélico, eu sou budista, eu sou espírita, eu sou esotérico, eu sou corintiano e etc. Não foi o William Shakespeare quem disse “ser ou não ser, eis a questão”? Que pena, eu não fiz questão de ser, pois, eu não soube sair do não ser. 

Às vezes parece que o mundo só existe naqueles momentos em que vivemos, quando o que vemos e ouvimos só nós estamos vendo e ouvindo. Criança ainda sem juízo sentado no último degrau da escada de casa que dava para a rua, defronte e acima do outro da rua existiam os fios elétricos que de poste em poste pareciam ser riscos entre a terra e o Céu e que eram indiferentes para quem passasse na rua. Mas, aquelas muitas andorinhas que ficavam lado a lado enfileiradas no fio elétrico bem a minha frente me fitando, parecia que elas queriam me comunicar um silêncio meditativo. E eu ficava emudecido olhando para elas como se estivéssemos trocando silêncio. Nunca mais vi as andorinhas lado a lado enfileiradas nos fios elétricos entre os postes. Agora aqui onde moro não tem escada que dá para a rua e também nunca mais vi andorinhas pousadas nos fios elétricos. Nunca mais tive troca de silêncio.


Vamos brincar de roda?

A canoa virou por deixar ela virar e foi por causa do fulano que não soube remar. Rebola bola você disse que dá e dá, mas na bola você não dá. Rebola o pai rebola a mãe rebola o filho e eu também sou da família também posso rebolar. Sirilim para cá sirilim para lá a fulana tá veia e não quer casar. Este não me serve, este não me agrada, só aqui, só aqui eu vou amar, a moça que está na roda escolhe o moço para se casar. Ciranda cirandinha vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar. Atirei o pau no gato, to, mas o gato to não morreu reu, reu. Escravos de Jó jogavam caxangá, tira põe deixa ficar, guerreiros com guerreiros fazem ziguezague. A galinha do vizinho bota ovo amarelinho, bota um, bota dois, bota três, bota quatro ... ......bota dez! Meu limão meu limoeiro meu pé de jacarandá, uma vez tindolelê, outra vez tindolalá

E as crianças de hoje, hein? Como é que elas brincam, se é que elas brincam?

Altino Olímpio

https://www.youtube.com/watch?v=teyzghbXe3o


Ás vezes sinto necessidade de baixar ou mesmo desligar o botão do volume que tenho na cabeça para impedir o “barulho” dos pensamentos alheios que tanto permeiam os meus, aqueles que escolho para pensar. Agora quando tanta idade me chegou percebi que só sou pensamentos. No mais, o tempo passa sem transtornos para ele com a vida passando também, mas nunca se sabe o que ela ainda pode trazer em qualquer tempo. Tão distraído que fui, nunca pensei nele, no como ele poderia me modificar e nem na vida no que ela poderia me trazer de bem ou de mal. Agora, bem ou mal só posso continuar a viver pensando... ... pensando (risos).

Neste mundo nasceram e nascem tantas pessoas com olhos e ouvidos perfeitos como se fossem para serem enfeites, mas, são cegos e surdos para as verdades que poderiam livrar suas cabeças de tantas incoerências e superstições que dificultam um viver mais livre e mais atento para a realidade da vida. Há quem diga que a vida é uma ilusão mas tenho certeza que a morte ilusão não é não (risos). Quando ela está para chegar, na velhice quantos serão aqueles que se livraram das bobagens que desde crianças lhes foram implantadas em suas mentes? E quantos serão aqueles que nunca se livraram das bobagens porque nunca desconfiaram que bobagens elas fossem? Muitos as tem em suas cabeças e até se sentem superiores daqueles indiferentes aos ardis com que homens desde sempre enganaram outros homens com práticas transcendentes inexequíveis


Velhice sempre indesejada

Quase sempre se fica sabendo de pessoas conhecidas que se foram daqui deste mundo tão maravilhoso. Dá para imaginar que tais pessoas viveram suas vidas desconhecidas do que a vida poderia lhes trazer de bom ou de ruim. Viveram, se divertiram, passearam, viajaram, namoraram, se casaram, tiveram filhos, muitas rezaram e passaram por tudo o mais que pertenceu ao que foi o viver para todos. Mas, sempre nos seus presentes diários e sucessivos ocupadas em seus deveres ou obrigações, pareceu que viveram sem “ver o tempo a passar” se é que alguém viu (risos). Entretanto, a vida que lhes eram a vida, com o passar dos anos ficaram desprovidas daquelas alegrias das distrações ou divertimentos que mais são pertinentes aos ainda jovens. E quando a velhice inevitavelmente chega, parece que ela é uma cobrança, um pagar pelos bons tempos que foram vividos (risos). As pessoas enfraquecem, as doenças aparecem e os assuntos mais giram em torno disso como um desabafo. Os encantos físicos deixavam as pessoas mais à vontade quando reunidas com outras. Na velhice, muitas delas até evitam serem vistas por outros, principalmente pelos que lhes são conhecidos, pois, “vão dizer para as outras pessoas como fiquei feia, acabada e toda enrugada” (risos). É, a vida é assim mesmo quando se fica velha ou velho e até parece que é uma humilhação. Mas daí disso tudo aparecem aqueles que gostam de “enfeitar o pavão” e elogiam a velhice com qualidades que não correspondem com a realidade. Atualmente se sabe que muitos velhos são deixados de lado pelos mais jovens, inclusive pelos filhos que não mais precisam dos conselhos deles, diferentes que são agora de como foi antigamente de quando os jovens respeitavam os velhos pelas experiências de vida que eles tinham.

Altino Olímpio



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