A história desta frase remonta a uma das célebres fábulas do escritor francês Jean de la Fontaine (1621-1695) e tem aparecido constantemente em situações delicadas. Era muito citada pelo famoso político brasileiro Ulysses Guimarães (1916-1992), que presidia a Câmara dos Deputados quando foi promulgada a atual Constituição, a cada vez que os parlamentares decidiam algo difícil de executar. De acordo com a fábula, os ratos resolvem em assembleia pôr um guizo no pescoço do gato, o eterno inimigo. Assim, eles perceberiam a tempo sua aproximação e fugiriam a cada ataque. Um rato velho, calado durante todo o tempo, endossou o plano, mas fez a pergunta que se tornou famosa, dando conta de que entre as palavras e as ações há uma certa distância, às vezes intransponível.
A história se coaduna com o momento atual. Com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, José Antonio Dias Toffoli, - Renan Calheiros passa a ser alvo de 12 inquéritos no STF, incluindo oito relacionados à Operação Lava Jato.
Renan Calheiros dias passados afrontou a Justiça Federal chamando o juiz Vallisney de Souza Oliveira de juizeco da 10° Vara da Justiça Federal.
A presidente do STF Carmem Lúcia, sentiu-se ofendida “onde um juiz for destratado, eu também sou”.
Agora com 12 inquéritos nas “costas” e incólume lança a manobra como estratégia de confronto principalmente com o Poder Judiciário e o Ministério Público, em levantar dos servidores que recebem vencimentos acima do teto constitucional, pois o avanço da investigações da Operação Lava Jato sobre o Congresso, notadamente sobre os políticos do PMDB está lhe causando uma preocupação maior.
A péssima ética dos políticos é modelo para cidadãos que nela enxergam grande e louvável esperteza. A falta de vergonha oficial se reflete na ausência de pudor particular. Quando um povo perde a vergonha, temos a ruína. A vergonha garante a ética pública com maior eficácia do que todos os tribunais.
A pergunta que não quer calar é o numeroso inquérito sobre o Presidente do Senado, em que o Judiciário protela mais do que julga.
No presente momento verifica-se uma distância considerável para a solução de um político influente, que preside o Congresso Nacional, cuja Instituição tem a função legislativa sobre elaboração de emendas constitucionais, de leis complementares e ordinárias no campo federativo.
Mas quem poria o guizo?
ANÍZIO MENUCHI