Os santos e santas que nos impuseram séculos a fora, alguns legítimos e a maioria necessidade de alguns. Assim é. Mas a nossa história tem origem naquele filão da fé que move montanhas, de dinheiro. Maria, a empregada de fábrica cumprindo horário duro de doze horas diárias só pensava no casório com João, mal sabia que a vida jamais lhe sorriria, mas enfim tinha fé, muita fé. João que de trabalhar queria distância ia levando a vida, um bico aqui, outro lá e assim ia vivendo.
O problema de sua vida era justamente a Maria que insistia em casar, já tinha arrumado até um puxadinho na casa dos Pais e estava mobiliando, tudo quase pronto. E o João enrolando, enrolando. Um belo dia ela decidiu, vou pedir ajuda naquela igreja ali no fim da rua, os membros da seita vão saber ajudar e lá foi ela, movida pela fé irrestrita.
Quando entrou no suposto templo foi imediatamente recebida por uma "irmã" ou obreira, não se lembrava bem, entretanto logo percebeu o clima de milagres e promessas, gente ia e vinha agradecendo a graça recebida. Maria não teve dúvida dirigiu imediatamente seu pedido ao pastor que sorridente garantiu seu desejo, simples vontade de casar com o João, mas para isso era necessário que a nova irmã freqüentasse os cultos e colaborasse com as obras, depois, receberia em dobro tudo o que doasse, Jesus é quem recebe dizia o pastor.
Embalada pela conversa ela começou a contribuir mais e mais com a "igreja" até que todo o seu salário foi consumido regularmente pelas obras do "Senhor". João vendo que a "teta" secava dia a dia, foi logo tratando de dar o fora, afinal também era filho de Deus e essa história de ir todos os recursos da companheira para o irmão Jesus não era correto.
Maria começou a desencantar-se, andava maltratada e perdeu João, logo o emprego na fábrica também se foi, diziam o chefe era membro fervoroso da igreja católica e não gostava de evangélicos, principalmente daqueles que concorriam diretamente na arrecadação para as obras do Senhor, futrico dizia ele.
Maria chegou no fundo do poço, sem emprego, sem o João, agora "obreira" do Senhor fazendo coisas que jamais em sua simplicidade sonhou fazer. Tantas foram as iniqüidades que se tornou vivida, esperta, saiu da seita e fundou uma na mesma linha, para um mundo sem ética, sem escrúpulos, sem fé. Finalmente chegou à conclusão que milhões haviam bem ou mal chegado, melhor ser filha da outra.