29/07/2022
As métricas

por Matheus Rotundo que estréia como colaborador deste Jornal

Reparo nos discursos ditos anárquicos pois quebram as regras sociais... Mas pq? Qual o problema das regras? Resposta fácil: as métricas! As métricas que as regras impõe são condizentes com o crescimento da sensação de incapacidade e consequentemente de nossa frustração... O discurso anti métricas é embasado na liberdade e na não frustração, ou seja, no não julgamento social. Mas será mesmo que a sociedade impôs as métricas ou somos nós que as adotamos através da live escolha?

Quanto dinheiro tenho na conta para ser rico... Quantos alunos um professor ensinou... Quantos pacientes um médico salvou... Quantos minutos demorei para responder uma pergunta... Quantas "ave-maria e pai-nosso" tenho que rezar para ter o perdão de Deus... Quanta desejo preciso para ser ambicioso... Quantos beijos provam meu amor... Quantas alegrias tenho para ser feliz... Enfim, quanto? E a resposta pra todas estas perguntas é a mesma: qto quisermos! Aprendemos erroneamente o conceito de regras, pois quantificamos em vez de qualificar!

Para cada pessoa a mesma métrica pode ser libertadora ou reclusiva... O sucesso das regras está na manutenção dos padrões e estes, são regidos pelas métricas impostas por nós mesmos para viver em sociedade... A mesma sociedade que cobra seu padrão através da eficiência de suas métricas... Até mesmo um pequeno percentual da sociedade que busca quebrar as regras fazem parte do padrão social esperado! No fundo, a métrica imposta por nós é justamente o que impede que as regras se perpetuem...

Mas podemos viver em sociedade sem regras? Sem métricas para avaliar o quanto cumprimos as regras? Sim e Não... Não há valores sociais sem padrões esperados, logo para alcançar os padrões desejados precisamos das métricas para nos guiar, fiscalizar, punir, libertar e até mesmo salvar! Mas as métricas nos torna escravos dos padrões... E estar fora dos padrões significa viver as margens da sociedade... Que embora seja dependente de suas métricas, impõe sua liberdade de escolha com as regras... Viver sem regras faz também de nós parte de um pequeno padrão social...

Quantificado novamente!!! Mas livre para qualificar! Como se motivar sem ter as métricas dos padrões para cumprir? Como viver as margens sociais sem ser um desvio padrão numérico da sociedade? Talvez, o primeiro passo seja aprender a qualificar em vez de quantificar... Ainda que queira utilizar a quantificação para a qualificação, estará alimentando a necessidade dos padrões e novamente a manutenção das regras! Como resolver esta questão? Aceitando o fato métrico social e a nossa incapacidade de não frustração social? Abidcar as métricas e de suas regras? Apenas qualificar? Tudo e nada está certo... Pois o que determina como padrão esperado não é social, mas sim individual, logo não há como alcançar valores e padrões sociais antes de fortalecer a sua concepção individual qualitativa de valores e seus respectivos pesos... Em poucas letras, a sociedade é alimentada pela incapacidade individual dos mesmos que a formam... Logo as métricas são os frutos deste looping que se retroalimenta e mantém a ideia social como factível, psicologicamente almejada, porém estatisticamente improvável de regozijo!


Matheus Rotundo é irmão de Daniele Rotundo, nossa cronista

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