Crônica: Anseio

Veja bem meu bem, tudo o que passamos, tudo o que o tempo já enterrou à respeito de nós e tudo o que nós evitamos e não fizemos para dar continuidade, ficou para trás, porque agora você não estará mais aqui, ao meu lado. Você está no meu coração, na minha mente. Seu cheiro está impregnado no meu corpo, sua voz ecoa nos meus ouvidos como se fosse a mais perfeita música. Contudo, você vai me abandonar mais uma vez. Mas eu já me adaptei à solidão causada pela sua ausência. Não é a primeira, nem a segunda, porém será a última. Me tornei extremamente flexível, mas agora não adiantaria ser. Sei que não vou te esquecer, mesmo que eu viva oitocentos anos. Cheguei a pensar que a partir desse momento o qual você partiria definitivamente, o sol não precisaria mais brilhar, porque você não estaria aqui para compartilhar comigo o tão apreciável findar do dia.
Não precisaria chover, nem ventar, nem existir uma só partícula de oxigênio, pois não haveria motivo pra eu viver. Mas, você não está aqui fisicamente, mas sempre estará comigo, mesmo que eu jamais venha a o encontrar novamente. Mas é necessário que eu viva intensamente para, quem sabe um dia vir a encontrar um outro alguém, que talvez esteja mais perto do que mesma imagine, mas o que interessa é que podíamos fazer, fizemos, talvez não na medida em que quiséssemos ou no tempo que merecíamos.

Paula Oliveira

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