O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, em vigor desde 1.990, entre outras providências, traz restrição a programas televisivos, determinando sua exibição em horários avançados, considerados mais adequados para a proteção do indivíduo menor de dezoito anos. Nos últimos dias vimos a questão ser levada aos tribunais superiores, por ser considerada inconstitucional, uma vez que feriria a liberdade de expressão. Alguns aspectos, que sequer foram cogitados, merecem consideração. Os inocentes desenhos animados, por exemplo, já há tempos não se constituem de histórias leves, com personagens simpáticos, que faziam atrapalhas aqui e ali. As silhuetas ganharam perfil erotizado, com tendências a comportamentos violentos, quando não destinadas à vida em guerrilha. Tais desenhos não ocupam as telas de nossos televisores em avançadas horas das madrugadas, mas qualquer programa infantil do meio da manhã ou da tarde! Argumentos de que é chegada a hora em que o estado não deve mais ser o “pai” do cidadão, devem ser vistos com muito cuidado. De qual cidadão estamos falando? O Brasil é país de dimensões continentais, com muitas realidades distintas reunidas entre suas fronteiras. De comunidades tribais a sociedades científicas reconhecidas mundialmente pisam o solo de país! Ademais, lembremos do perfil dos jovens de hoje. São resultado, não por sua culpa, de um momento histórico específico, emergidos de um estado totalitário, e inseridos num contexto de liberdade que margeia a irresponsabilidade. Somente o passar dos anos equilibrará essa condição. Seria mais interessante, portanto, ao invés de discutirmos a censura do Estado, repensarmos a preparação de nossos jovens e a reestruturação da família. Hoje somos produto do ontem, inevitalvemente. E amanhã?