Há alguns dias fomos todos tocados pelo lamentável crime ocorrido nos bolsões de estacionamento da Faculdade de Economia da USP, campus Cidade Universitária, onde o jovem estudante, de futuro promissor, com os primeiros raios das luzes do sucesso já despontando, numa tentativa de roubo, fora atingido e morto por um disparo de arma de fogo. Com o passar dos dias, a polícia civil em trabalho louvabilíssimo identificou um dos autores do crime, trazendo-o aos cartórios policiais para interrogatório e demais atos formais dessa fase do procedimento criminal.
    Fomos então surpreendidos pelo assunto que vem à tona,  uma vez que “marginal não delataria seus comparsas, tendo ética entre si”.  Meus amigos, infelizmente, não é esse ou aquele profissional que possui uma perspectiva equivocada da realidade, talvez contaminado em seu ânimo e sua perspectiva de vida pela violência de nossos dias. É a sociedade que vive torrencial inversão de valores e,  às beiras da hipocrisia,  clama por providências quando fatos extremos como este são veiculados pelos meios de comunicação. Cobramos uma postura de Estado enérgica na repressão criminal , até que não tenhamos ninguém de nossas famílias buscado pelos “arbitrários braços de uma polícia corrupta”- que até então seria inerte e irresponsável. Exigimos uma postura irretorquível de nossos administradores, até que nos vejamos às voltas com os meandros do poder público, quando então somos dotados de impressionante  e súbita compreensão...
    Vivemos, na verdade, um momento de reflexo social, decorrente de um momento histórico de exceção do extremo oposto dos anos de regime totalitário. A História, não nos iludamos, é cíclica e dinâmica, caminhando a passos tranquilos ao equilíbrio. Podemos aumentar essa velocidade, pensando numa reforma moral de nossos valores. A sociedade não é composta senão pela soma de nossos valores individuais. O que pretendemos para nosso futuro?