Crônica: Inexplicavelmente Real

É completamente inexplicável este momento, pois na realidade, seria impossível que o mesmo acontecesse.Todavia, quando o vi não pude conter toda a emoção que aquele momento despertara em mim. Mas, haviam duas testemunhas oculares, as quais pelo motivo ainda desconhecido, não avistaram tal pessoa. Estava como antes.... Com lindos negros olhos, escondidos atrás de grandes lentes de Ray Ban, aquela pele morena com cheiro inconfundível, aquele volume gerado na região abdominal devido à idade, não tão avançada, porém a vida que ele levou até que Deus o quisesse levar, foi completamente boêmia, contudo, jamais tirou aquele charme e tamanha devoção dedicada àquelas pessoas as quais foi capaz de dar-lhes a vida. Mas, ainda não sei explicar se foi uma ilusão de ótica causada pelo excesso de falta de controle ou então se foi tamanha e incontrolável vontade e necessidade de vê-lo que. Em minha mente criou uma imagem móvel de sua pessoa.... Mas era muito perfeito. Sua pasta amarelada pelo tempo, entrelaçada nos dedos de sua mão direita, enquanto sua outra mão me acompanhava pelas ruas. Neste momento, com pensamentos e idéias baseadas no nada, atraídos por uma imaginação, até então por uma pessoa que certamente desmerece que me ocupe com estes. Mas é uma relação muito estreita, que creio que ele também gostaria. Eu vi, com estes olhos entreabertos, causados por uma alucinação. Há pouco tempo deparei-me com aquilo que sonhei durante longos doze anos rever, mas naquele instante, faltou-me forças e fé, para crer que tudo aquilo se encontrava a um palmo de distância do meu rosto. Meu subconsciente ainda está voltado para aquela perfeita imagem que o destino ou minha mente criou. Senti uma intensa vontade de voltar no tempo e aproveitar cada minuto da infância que foi interrompida por tamanha tragédia, que por frações de segundo esteve diante de meus olhos. Esta fraqueza que sinto agora, sem motivos para que um sorriso surja em minha face, se deve ao fato de que uma característica que imagina que existia, não passa de ilusão, de outra fantasia criada, por me deixar enganar tão facilmente, por aquelas que usam de uma oportunidade para se desfazer de pessoas desprovidas de uma arte não adquirida, se é que se pode denominar de arte, como se deu. Porém, o mundo não fica estacionado e hei de acompanha-lo, agora a partir deste momento, que ele retornou para que, involuntariamente, sua força fosse transmitida de uma forma sobrenatural, para esta que vos escreve esta crônica, em sua homenagem.

Paula Oliveira

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