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15/02/2024
Dengue remédios CONTRA INDICADOS

Dengue: quais remédios são contraindicados e quais podem ser usados para tratar sintomas

Aspirina

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Aspirina e AAS não devem ser usados por pacientes que estão com suspeita de dengue ou que foram diagnosticados com a doença

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  • Author, Simone Machado
  • Role, De São José do Rio Preto (SP) para a BBC News Brasil
  • 12 fevereiro 2024

O Brasil vive uma explosão de casos de dengue, com 408.351 casos prováveis registrados e 62 mortes confirmadas.

Outros 279 óbitos causados pela doença seguem em investigação, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.

Além de dor de cabeça, dor no corpo, dor atrás dos olhos, febre, enjoos, vômitos e manchas vermelhas, a dengue pode causar outros sintomas como sonolência, irritabilidade e confusão mental.

A doença é dividida em dois grupos: a dengue clássica e a hemorrágica, quando a infecção começa a destruir plaquetas responsáveis pela coagulação, e o paciente passa a ter sangramentos na gengiva ou nas fezes.

Não há um medicamento específico para o tratamento da dengue. Os remédios disponíveis para amenizar os sintomas devem ser indicados por um médico, já que muitos deles, usados no dia a dia e vendidos sem a necessidade de prescrição médica nas farmácias, podem aumentar o risco de sangramento.

 

A BBC News Brasil conversou com três infectologistas que explicam quais medicamentos não são indicados para tratar os sintomas da dengue — e quais podem ser usados com segurança.

Vale lembrar que a automedicação é desaconselhada em todas as situações.

Dengue: quais medicamentos você não deve tomar

Aspirina e AAS

A classe farmacêutica dos salicitatos, da qual fazem parte aspirina e AAS, não devem ser usada por pacientes que estão com suspeita de dengue ou que foram diagnosticados com a doença.

Esas medicações têm efeito analgésico e antitérmico — por isso, ajudam no alívio de dores e da febre. No entanto, eles podem afetar a coagulação de pacientes com o vírus da dengue, o que leva ao aumento do risco de sangramentos e o agravamento da doença.

Por isso, pacientes saudáveis que estejam com a doença ou com suspeita dela não devem fazer o uso desses medicamentos.

No entanto, há ressalvas para o caso de pacientes em tratamento de algum problema cardíaco, que precisam tomar aspirina periodicamente.

"Pessoas que possuem doenças crônicas, que sofreram infarto ou tiveram trombose, e estão fazendo uso de medicamentos desse grupo para tratar o problema, ao suspeitarem que estão com dengue não devem interromper o tratamento por conta própria, pois pode agravar o problema cardíaco já existente. O recomendado é procurar um médico imediatamente para analisar o que deverá ser feito, como trocar o medicamento ou fazer o uso monitorado", explica a infectologista Mirian Dal Bem, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Além da AAS e da aspirina, outros medicamentos que fazem parte desta categoria são os derivados do ácido acetilsalicílico, como diflunisal, salicilato de sódio e metilsalicilato.

Ibuprofeno e nimesulida

Medicamentos que integram a categoria chamada de anti-inflamatórios não esteroidais também aumentam as chances de sangramento e não devem ser usados no tratamento dos sintomas da dengue.

Os mais conhecidos e usados são: indometacina, ibuprofeno, diclofenaco, piroxicam, naproxeno, nimesulida, sulfinpirazona, fenilbutazona e sulindac.

Eles são comumente encontrados nas farmácias e podem ser comprados sem receita médica.

"Esses medicamentos prejudicam o funcionamento das plaquetas e, quando um paciente está com dengue, ele já tem as plaquetas afetadas pelo vírus. Sendo assim, ao fazer uso desses remédios, há um aumento no risco de sangramentos e ter a dengue hemorrágica", explica o médico Paulo Abrão, vice-presidente da Sociedade Paulista de Infectologia e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Aedes aegypti

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O Brasil já teve mais de 400 mil casos prováveis de dengue em 2024

Prednisona e hidrocortisona

Medicamentos como prednisona, prednisolona, dexametasona e hidrocortisona são conhecidos como corticoides — e também são contraindicados em caso de dengue ou de suspeita da doença.

Assim como os anteriores, eles podem aumentar o risco hemorrágico da doença e agravar a situação do paciente.

Ivermectina

Nos últimos dias, passou a circular nas redes sociais informações que a ivermectina seria um medicamento indicado para combater o vírus da dengue.

Tal situação fez com que o Ministério da Saúde emitisse uma nota alertando que "não há nenhum dado ou fonte que comprove a afirmação" e o órgão "não reconhece qualquer protocolo que inclua o remédio para o tratamento da dengue".

"Esse medicamento é única e exclusivamente para combater vermes, não há nenhum estudo que mostre sua eficácia contra vírus. Ele não deve ser usado em nenhum caso a mais", diz o médico Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Durante a pandemia de covid-19, a ivermectina foi defendida como parte de um tratamento precoce de combate à doença — também sem nenhuma eficácia comprovada.

Posteriormente, estudos realizados ao redor do mundo demonstraram a ineficácia do medicamento no combate à covid-19.

Cartela de comprimidos

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Paracetamol e dipirona podem ser usados com segurança e ajudam a amenizar as dores e mal-estar provocados pela doença

Paracetamol e dipirona são indicados

Segundo os infectologistas ouvidos pela BBC News Brasil, os dois medicamentos mais indicados para amenizar os sintomas causados pela dengue são o paracetamol e a dipirona, pois eles não aumentam os riscos de sangramento.

Ambos podem ser usados com segurança e ajudam a amenizar as dores e mal-estar provocados pela dengue.

Apesar da medicação aliviar certos sintomas, os especialistas são unânimes em dizer que manter uma boa hidratação é um dos fatores mais importantes para tratar a doença.

A dengue provoca inflamação e faz o líquido "escapar" dos vasos sanguíneos.

"A hidratação deve ser muito rigorosa. Além de água, é importante ingerir soros, encontrados em farmácias e postos de saúde, para repor os sais perdidos pelo corpo. O recomendado é que o paciente ingira 60 ml de líquido para cada quilo que possui", calcula Dal Ben.


BBC Brasil