Não obstante grupos autônomos e clubes de Caieiras contratarem conjuntos e até renomadas orquestras para abrilhantarem nossos bailes, em que pese distantes de nossa Cidade – nós tínhamos a nossa quase “orquestra”.
Raul e Renato ou Renato e Raul Massinelli em uma absoluta simbiose respiravam música diuturnamente se completavam em regências, sempre profissionais em suas apresentações. E diante do esmero no ofício, lá estava também seu impecável baterista, Wagner Domene, responsável por soar o instrumento de percussão que por 18 anos esteve animando bailes. Salvo engano, foi o músico com mais tempo no grupo.
Os ritmos tocados tinham a sonoridade harmoniosa, sobretudo agradável ao ouvido.
Revendo meu acervo encontrei um convite que data de 15/11/1969, de mais uma apresentação do Conjunto Rítmico Acapulco. Minha mente se projetou para esta saudosa época juvenil. Quantos sonhos e fantasias despertava meu ser.
Quem não se lembra de um bom bolero (Perfídia, La Barca, Besame Muito e tantos outros). Ao iniciar este ritmo cavalheiros se preparavam rapidamente em busca de sua eleita dama (antes que um desaforado lançasse mãos da pretendida). Entre os volteios do salão uma declaração apaixonada...um murmúrio no ouvido.
Para os que gostavam de ritmos mais agitados de maior movimentação tínhamos o tcha tcha tchã, mambo e samba.
Eu particularmente gostava muito do samba principalmente quando magistralmente tocavam Aquarela do Brasil.
Não importava o palco em que tocassem em nossa região, os aficionados estariam presentes para os que gostassem simplesmente em ouvir ou até mesmo temerosos em enfrentar a negativa do sexo oposto em convite para dançar.
Quando se dança podemos fazer novos amigos adquirindo hábitos e sentimentos coletivos de solidariedade, além do benefício para o corpo e a alma. O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. (Maria Julia Paes de Silva).
Os contemporâneos devem guardar com saudade imorredoura do Conjunto Acapulco, foi de importância fundamental em nossa adolescência. Nesta fase, dúvidas e anseios que permeiam a caminhada. Os frequentadores eram em maioria familiares, os comportamentos e usos de bons costumes preservados. Diferentemente dos dias atuais, o crescimento populacional, novos hábitos, costumes, informação tendo a globalização aguçado a curiosidade dos jovens propiciando vícios de todos os naipes. Uma curiosidade que se desajustou. O ideal seria que não ocorresse, seria, isto sim, exemplares construtores de uma sociedade melhor, entretanto apenas problemas constante para a família.
Nicolas Boileau afirmava: “O tempo que tudo transforma, transforma também o nosso temperamento. Cada idade tem os seus prazeres, o seu espírito e os seus hábitos.”
Por derradeiro, a foto acima foi-me enviada gentilmente por Wagner Domene informando seus componentes em uma apresentação num dos palcos do Bairro Fábrica. Da esquerda para direita: Armandinho Rodrigues , Leonildo, Renato , Raul Massinelli, Wagner Domene (bateria), Rubens Menegatti, Moacir Valbusa, Dárcio Barnabé, Laércio Barnabé, sem identificação para possível cantora.
ANÍZIO MENUCHI
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