Veja, a seguir, as análises dos colunistas do G1
Julia Duailibi
A jornalista da GloboNews Julia Duailibi avaliou o primeiro bloco do debate como o mais tenso. No entanto, para ela, o clima foi esfriando ao decorrer do programa.
"Eles foram caminhando para um debate mais de proposta. Os assessores estavam fazendo um monitoramento, inclusive um assessor do presidente Bolsonaro disse que era para parar de falar de corrupção e passar a falar de proposta, porque eles estavam acompanhando a demanda dos eleitores."
Sobre o debate entre Lula e Kelmon, a jornalista disse que a campanha do ex-presidente desconfiava que o candidato do PTB faria uma dobradinha com Bolsonaro.
"Havia uma desconfiança de que esse candidato [Kelmon] estava atuando em dobradinha – e isso ficou evidente –, e que deveria ter uma cautela de Lula no trato com ele. Mas, no embate, o ex-presidente ficou visivelmente nervoso. Foi lido pela campanha, principalmente adversária, como algo ruim."
Gerson Camarotti
Para o comentarista Gerson Camarotti, o debate demonstrou que Padre Kelmon se apresentou como uma linha auxiliar de Bolsonaro, inclusive no momento em que o presidente teve a oportunidade de fazer uma pergunta para Lula, mas não o escolheu.
"Quando Bolsonaro tem a única chance de fazer um enfrentamento direto com Lula, não faz, e deixa o Padre Kelmon fazer a pergunta."
Miriam Leitão
Para Miriam Leitão, o debate rendeu momentos positivos e negativos. Para ela, o primeiro confronto entre Ciro e Lula foi importante. Por outro lado, a jornalista acredita que a discussão entre Lula e Kelmon "foi o pior momento do debate".
"Foi um debate em que a legislação eleitoral obriga a ter uma pessoa que não tem nada a acrescentar e que conseguiu produzir confusão, que foi o Kelmon."
Miriam Leitão também afirma que a candidata Simone Tebet conseguiu produzir bons momentos no debate.
"Acho que a Simone Tebet produziu momentos muito bons. Acho que teve troca entre a Simone e o Ciro, a Simone e o Lula, que foram boas para esclarecer o que se pensa nessa reta final."
Andréia Sadi
"Na minha avaliação, o presidente Bolsonaro cumpriu exatamente o que estávamos esperando. Ele adotou um tom mais bélico, adotou o estilo Bolsonaro raiz", avaliou a jornalista Andréia Sadi.
"Se a gente for observar a estratégia final de Bolsonaro nesse debate, que é o ato final da campanha, é voltar às origens, que é a agenda de costumes."
Sadi avalia ainda que Bolsonaro conseguiu fazer dobradinhas com Felipe d'Avila e Padre Kelmon, enquanto Lula virou alvo de ataques.
Natuza Nery
A colunista do g1 Natuza Nery destacou o clima tenso na primeira fase do debate. Além disso, a jornalista lembrou que Lula e Bolsonaro não se confrontaram diretamente, com exceção para os direitos de resposta.
“Começou quente, em um confronto inicial entre Lula e Ciro Gomes. Bolsonaro teve a oportunidade de perguntar para Lula e evitou esse confronto, chamando Padre Kelmon. Lula, na avaliação de integrantes da própria campanha, acabou deslizando, porque deu margem para um bate-boca com candidato que é traço nas pesquisas de intenção de voto. Houve muitos direitos de resposta. E foi justamente nos direitos de resposta que Lula e Bolsonaro travaram um embate direto. Bolsonaro chegou a gritar da cadeira dele."
Mônica Waldvogel
A jornalista da GloboNews Mônica Waldvogel avalia que os sucessivos direitos de resposta e a forma como cada candidato buscou se defender e atacar deu um toque original ao debate.
Ela afirma ainda que tanto Bolsonaro quanto Lula chegaram ao debate com "ânimo de partir para o ataque". Apesar disso, os ataques também trouxeram um aspecto negativo.
"Realmente fica cada vez mais complicado extrair dali propostas de governo, debates políticos profundos, com grandes altitudes, e vai caindo ali para um 'ramerão' da grande disputa, da grande briga, e que de certa forma anima algumas personalidades."
Flávia Oliveira
A comentarista Flávia Oliveira considerou positivo o debate entre Lula e Simone Tebet sobre o meio ambiente, assim como a questão do racismo e das cotas. “É um legado que também o ex-presidente Lula tem a mostrar”, avalia.
Já a participação do candidato Padre Kelmon foi avaliada de maneira negativa. “Vale a pena a gente refletir sobre a qualidade desse protagonismo [de Padre Kelmon] porque acho que é um consenso [acreditar que] em um país com tantos problemas como o Brasil tem uma pessoa que foi ali para criar instabilidade, cizânia, para desarticular os outros. Não é possível que o eleitorado seja ingênuo e não compreenda essa função.”
Ana Flor
Ana Flor também analisou o embate entre Lula e Padre Kelmon. Para ela, esse foi o momento mais tenso para o petista.
"O responsável pelo marketing da campanha Lula-Alckmin chegou a dizer que, nas pesquisas internas, aquele momento foi visto nos grupos que eles monitoram como se o candidato Padre Kelmon fosse uma farsa, não fosse realmente alguém à altura daquela discussão e do próprio debate. É a visão da campanha, mas, sem dúvida, foi o momento mais tenso para o ex-presidente."
Eliane Cantanhêde
A jornalista Eliane Cantanhêde disse que a candidata Soraya Thronicke trouxe um aspecto diferente ao debate, "como uma figura que cria confusão" e que repercute muito nas redes sociais.
Para Cantanhêde, outro diferencial do debate, em comparação com as eleições anteriores, foi o principal alvo de ataque.
"Quando você tem um debate dessa importância, você tem sempre o foco no candidato que disputa a reeleição. Nesse caso, a gente tá tendo uma diferença. O foco não estava no Bolsonaro, o foco estava em Luiz Inácio Lula da Silva."
Fernando Gabeira
"A tabelinha real que existiu com troca de documento, com troca de papel, com terceirização de ataque, foi entre o Bolsonaro e o Kelmon", avalia Fernando Gabeira.
"Me parece que o Lula não estava muito preparado para essa hipótese. Ele ficou um pouco surpreendido com o Bolsonaro não ter vindo diretamente fazer a pergunta."
Valdo Cruz
O colunista do g1 Valdo Cruz apurou, depois do debate, que a campanha de Bolsonaro avalia que o presidente errou no começo do programa.
"A gente conversava com presidente Jair Bolsonaro agora na saída, e ele mesmo admitiu: ‘cheguei com as quatro patas aqui para o debate, admito que cheguei muito irritado, mas depois eu me acalmei’. A campanha do Bolsonaro avaliou que ele errou nesse início do debate, partindo muito para cima, porque isso acaba propiciando ao aumento da rejeição dele."
Valdo também avaliou o papel do candidato Padre Kelmon, que protagonizou um dos principais confrontos do debate com Lula.
"Ele estava aqui com o claro propósito de provocar, e provocar o Lula. E os próprios adversários falam que ele veio fantasiado. E ele veio fantasiado de provocador."
Octavio Guedes
“O grande vencedor foi o direito de resposta”, declarou Octavio Guedes , fazendo referência ao recurso amplamente pedido pelos candidatos durante todo o debate. Ele avalia ainda que houve um ‘sujeito oculto’ na disputa, Roberto Jefferson, uma vez que sua indisponibilidade permitiu que Padre Kelmon concorresse ao cargo em seu lugar.
“Foi o vencedor no sentido de que a missão que ele [Roberto Jefferson] deu para o seu preposto [Padre Kelmon], conseguiu: tirar o Lula do sério.”
Merval Pereira
O jornalista Merval Pereira acredita que Simone Tebet tenha tido o melhor desempenho no debate. Por outro lado, para ele, Lula enfrentou dificuldades.
"Acho que não foi bom para o Lula discutir, não só com o Padre Kelmon. O tema corrupção não é um bom tema para ele, e isso ficou recorrente. E ele tem muita dificuldade para responder a isso, embora hoje ele estivesse mais assertivo que no primeiro debate."
Para Merval, o desempenho de Tebet e Ciro podem ter feito com que Lula não consiga conquistar os votos que precisa para vencer no primeiro turno.
"Acho que o Ciro foi bem, a Simone foi bem. Acho que os pontos que ele [Lula] podia tirar do Ciro e da Simone vão ser dificil de tirar. Acho que não deu para pegar aquele 'tiquinho' que faltava."
Fonte: G1
Leia a opinião dos comentaristas do UOL
Chico Alves:
Mais uma vez, Simone Tebet se saiu muito bem no debate. Foi dura com Bolsonaro e com Lula, conseguiu citar algumas propostas de governo (algo raro nesse tipo de programa) e escapou da armadilha de discutir em tom de barraco. Fechou a campanha cumprindo com louvor o papel de incluir seu nome no seleto time de políticos de dimensão nacional, algo que será de grande valor nas próximas corridas eleitorais. Infelizmente, tanto o bom desempenho de Simone quanto a eficiente performance de Soraya ficaram em segundo plano diante do show de grossura de Bolsonaro, que deu ao debate presidencial um clima de briga de rua, e do festival de sandices de Kelmon. Essa foi a triste...
Reinaldo Azevedo
Quem venceu o debate? Não é um jogo em que as cestas ou os gols podem ser objetivamente contados. Lula deu as melhores respostas às questões que antigamente se chamavam "economia", "política" e "economia política". Mas haverá certamente quem considere, digamos, muito esperta a dobradinha entre o tal Kelmon, autointitulado "padre", e Jair Bolsonaro. O presidente começou o embate absolutamente descontrolado e depois baixou um tantinho o tom. Se formos ler as respostas transcritas, excetuando-se os aspectos de mau espetáculo circense, o petista evidenciou por que tem condições de ser chefe do Executivo e por que o atual ocupante da cadeira a desmoraliza desde 2019.