FATOS E LENDAS
Dom Pedro I e sua rota para chegar no Ipiranga
Lendas urbanas dizem que Dom Pedro I passou por Rio Grande da Serra e repousou na Figueira das Lágrimas, na Zona Sul de SP
Apesar da história oficial não confirmar, moradores da região do ABC e da capital paulista contam de geração em geração outros fatos sobre o caminho do imperador até o Ipiranga, onde foi proclamada a Independência do Brasil.
Além da história documentada da Independência do Brasil, existem muitas lendas urbanas contadas de geração em geração sobre os rastros de Dom Pedro I na capital paulista e na Grande São Paulo.
Esses rastros deixados na memória coletiva vão muito além do caminho já conhecido de Dom Pedro I da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, passando por Santos, pela Calçada do Lorena até chegar às margens do Riacho do Ipiranga, em São Paulo.
Lendas urbanas lembram caminhos alternativos por onde Dom Pedro I passou na Grande SP
Pessoas mais antigas da Região Metropolitana dizem que, ao contrário do que dizem alguns historiadores, Dom Pedro I teria passado também por um caminho usado apenas por tropeiros, que hoje não existe mais. O caminho é conhecido como Estrada do Zanzalá ou Caminho do Sal.
“Eu acredito que podem existir indícios de que essa história é verdadeira, sim. Estamos em uma região economicamente muito importante pra época da colônia. Por que não Dom Pedro teria vindo visitar os domínio de Vossa Majestade?”, conta Eric Lamarca, pedagogo e pós-graduado em ecoturismo que hoje em dia faz a gestão do turismo na região de Paranapiacaba.
Capela de São Sebastião (construção em taipa de pilão de 1611)
Outro ponto histórico por onde Dom Pedro I também teria passado é a história Capela de São Sebastião, em Rio Grande da Serra.
“Esta estrutura é um dos maiores testemunhos históricos da presença de tropeiros da região. Aqui, na época dos tropeiros, anterior a 1611, morreu um tropeiro aqui e foi feita uma cruz em sua homenagem. Em 1611, foi construída a Capela de Santa Cruz, uma capela feita na técnica taipa de pilão. Em 1900, após a época de tropeiros, passou a se chamar Capela de São Sebastião”, explica Eric Lamarca.
O Hino Municipal de Rio Grande da Serra diz que Dom Pedro teria acampado na cidade e as suposições indicam que ele teria dormido nessa capela. Como era a principal construção na época usada não só como ponto de oração, mas também como ponto de encontro e de refúgio pelos tropeiros.
“Onde D. Pedro ficou acampado / E com tua água sua sede saciar” (trecho do hino de Rio Grande da Serra)
Bica Matarazzo (nascente d’água em Rio Grande da Serra)
Outro ponto histórico de Rio Grande da Serra, município da região do ABC Paulista, é a bica Matarazzo, onde muitos moradores vão para buscar água limpa e potável para beber e encher galões.
Moradores mais antigos contam que Dom Pedro I teria bebido água lá, quando ainda nem existia a estrutura atual da bica, mas apenas a nascente de água que já corria por ali.
“Eu acho que faz sentido pela geografia do local, próximo à capela. A gente estava numa área de brejo, então a água não tem uma qualidade boa. Apesar da bica ser de uma história mais recente, a fonte existia. A fonte que virou a bica com certeza tinha uma água muito saudável, muito potável para Dom Pedro vir matar sua sede”, diz Eric Lamarca, assistente de gestão do turismo na região.
Figueira das Lágrimas (árvore mais antiga de São Paulo)
Na região do Ipiranga, mais perto do riacho onde Dom Pedro declarou a independência do Brasil, está localizada a Figueira das Lágrimas, a árvore considerada a mais antiga de São Paulo, com mais de 200 anos.
Foi lá que Dom Pedro I teria descansado e repousado durante o caminho que ele fez. Inclusive os moradores contam que Dom Pedro tinha uma amante, que morava algumas ruas acima dali, em um casarão histórico onde hoje funciona a UBS Almirante Delamare, em Heliópolis.
A figueira fica localizada na altura do número 515 da Estrada das Lágrimas, na Zona Sul da capital paulista. A guardiã desse patrimônio natural é a Dona Yara Rodrigues Calda, dona de parte do terreno onde está a figueira.
Dona Yara conta com convicção que o imperador parou lá pra descansar depois da longa caminhada desde Santos.
“Com certeza, com certeza ele veio aqui. Porque era o caminho para Santos. Eu luto para preservar porque quase ninguém dá valor às coisas antigas”, afirma dona Yara, guardiã da Figueira das Lágrimas.
OUTRAS CURIOSIDADES SOBRE D.PEDRO I
Por que o coração de Dom Pedro I fica em Portugal e o restante do corpo no Brasil ?
Órgão chegou ao país para comemorações dos 200 anos da Independência, mas volta para a cidade do Porto logo em seguida.
Coração de Dom Pedro I está no Brasil
Guardado há 187 anos em um recipiente de vidro e conservado em formol, o coração de Dom Pedro I, o primeiro imperador do Brasil e responsável histórico pela independência do país, normalmente fica guardado em uma urna de madeira trancada a cinco chaves na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, localizada na cidade do Porto, noroeste de Portugal.
E o coração se encontra na cidade atendendo a um pedido do próprio D. Pedro I, registrado no testamento deixado pelo monarca. O coração de D. Pedro está no Brasil desde esta segunda-feira, 22, para a comemoração dos 200 anos da Independência do país, mas volta para o Porto logo depois das festividades, no dia 9 de setembro.
Vista aérea do Museu do Ipiranga — Foto: Reprodução/TV Globo
Já os despojos do corpo de D. Pedro se encontram sepultados desde 1972 na Cripta do Monumento à Independência, no Museu do Ipiranga, em São Paulo, no local aproximado onde o então príncipe regente teria dado o Grito da Independência, em 7 de setembro de 1822.
Depois de proclamar a Independência, de príncipe regente D. Pedro I, tornou-se imperador do Brasil durante 9 anos, abdicando ao trono em favor de seu filho, D. Pedro II, em 7 de abril de 1831. D. Pedro II na ocasião tinha apenas 5 anos e 5 meses de idade. D. Pedro I retornou a Portugal, onde morreu em 1834.
Antes de vir ao Brasil, o coração de D. Pedro I foi objeto de uma exposição na cidade do Porto, na semana passada. Foi a primeira vez que o órgão, considerado uma relíquia pelo governo de Portugal, foi apresentado publicamente desde a morte do imperador.
Fonte G1